Ata do Lançamento dos livros “Negras Tormentas…” e “Além de Partidos e Sindicatos” – dia 27/08/11

Retirado de:

http://www.cabn.libertar.org/?p=39

Florianópolis, 28/08/11

SEEB – Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos Bancários, 17:00 horas

Nos dias 26, 27 e 28 de agosto foi realizado nas cidades de Curitiba, Florianópolis e Porto Alegre respectivamente, o lançamento do livro de Alexandre Samis, “Negras Tormentas: o Federalismo e o Internacionalismo na Comuna de Paris”, editado pela Hedra. Tivemos a satisfação de realizar a primeira atividade oficial do Coletivo Anarquista Bandeira Negra que contou com aproximadamente 50 pessoas. O debate dos autores foi mediado pelo compa Khaled que também apresentou o CABN e sua Carta de Princípios.

O livro de Samis traz de volta à luz uma das maiores experiências de organização da classe trabalhadora que pela autogestão formaram durante dias “o último levante de massas” e o primeiro episódio da luta pelo internacionalismo proletário. Segundo o Professor Wallace dos Santos, na apresentação de sua orelha, este livro “deve ser saudado com uma grande festa, tanto pela comunidade acadêmica como pelos leitores em geral.” Em sua apresentação, Alexandre Samis explica como o episódio da Comuna foi reconhecida como um processo de acumulação das reivindicações revolucionárias naquele período do século XIX. Sistematicamente ele analisa, clara e objetiva, como se dão os conceitos de internacionalismo e federalismo, destacando assim, a definição da autogestão com propósito de transformação social radicalizada. Este livro marca os 140 anos da Comuna de Paris, bem prefaciado por René Berthier, francês e pesquisador da Comuna. Alexandre Samis é doutor em História pela Universidade Federal Fluminense e professor do Colégio Pedro II. Também escreveu os livros Clevelândia: anarquismo, sindicalismo e repressão política no Brasil (Imaginário/Achaimé, 2002) e Minha pátria é o mundo inteiro: Neno Vasco, o anarquismo e o sindicalismo revolucionário em dois mundos (Letra Livre, 2009).

Como evento misto, tivemos a participação especial do nosso companheiro José Carlos Mendonça, pesquisador e técnico do Laboratório de Sociologia do Trabalho (LASTRO-UFSC) que também está lançando o livro “Alem de Partidos e Sindicatos: Organização Política em Anton Pannekoek”, editado pela Achiamé também este ano.

A duração do debate teve em quase 3 horas participações de estudantes, militantes de movimentos sociais e interessados em geral. Para a primeira apresentação do Coletivo Anarquista Bandeira Negra, esta atividade buscou contemplar e amplificar a divulgação de autores que seguem a linha pela transformação social na medida em que se discuta abertamente os contextos sociais e políticos, passado e presente, para novos núcleos formadores. O objetivo do CABN é a longo prazo a confluência, a nível social e político, catalização das frentes de luta junto aos movimentos sociais. Nascendo assim de forma minoritária mas solidificante, para construir a nossa prática e estratégica dentro dos preceitos do anarquismo especifista.Uma lista de presenças foi passada com o intuito das pessoas interessadas nas futuras atividades desenvolvidas pelo CABN estarem informadas. Também estavam à disposição de venda a preços módicos os exemplares de ambos livros.

Com o fim desta atividade que não seja considerada um fato isolado propomos que um novo encontro seja organizado pelo CABN a fim de ampliar novos debates para uma formação mais concreta da pró-organização específica anarquista em Florianópolis, para que se somem e contribuam junto ao FAO – Fórum do Anarquismo Organizado. Desta forma, fica agendada um próximo encontro para o dia 24/09.

Longa Vida ao Coletivo Anarquista Bandeira Negra!

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[CABN] Apresentação e Carta de Princípios do Coletivo Anarquista Bandeira Negra

Retirado de:

http://www.cabn.libertar.org/?p=27

Apresentação e Carta de Princípios do Coletivo Anarquista Bandeira Negra

Posted on 19/08/2011 by

 

Nossa concepção organizativa do anarquismo

Todos os membros e interessados em integrar o coletivo devem concordar, defender e aplicar esta concepção de anarquismo, que consideramos o mínimo necessário para o início dos trabalhos conjuntos. O anarquismo defendido pelo grupo vincula-se à proposta do anarquismo especifista do Fórum do Anarquismo Organizado (FAO), composto por diversas organizações pelo Brasil, dentre elas a Federação Anarquista Gaúcha e a Federação Anarquista do Rio de Janeiro. Esse anarquismo é compreendido a partir dos princípios políticos e ideológicos e pela sua estratégia geral colocados a seguir.

Princípios políticos e ideológicos

a) Do anarquismo como ideologia e, assim, como um sistema de idéias, motivações e aspirações que possuem necessariamente uma conexão com a ação no sentido de transformação social, a prática política.

b) De um anarquismo em permanente contato com a luta de classes dos movimentos populares de nosso tempo e funcionando como ferramenta de luta e não como pura filosofia ou em pequenos grupos isolados e sectários.

c) De um conceito de classe que inclui todas as parcelas de explorados, dominados e oprimidos da nossa sociedade.

d) Da necessidade do anarquismo retomar seu protagonismo social e de buscar os melhores espaços de trabalho.

e) Da revolução social e do socialismo libertário como objetivos de longo prazo.

f) Da organização como algo indispensável e contrária ao individualismo e ao espontaneísmo.

g) Da organização específica anarquista como fator imprescindível para a atuação nas mais diversas manifestações da luta de classes. Ou seja, a separação entre os níveis político (da organização específica anarquista) e social (dos movimentos sociais, sindicatos, etc.).

h) Da organização anarquista como uma organização de minoria ativa, diferindo-se esta da vanguarda autoritária por não se considerar superior às organizações do nível social. O nível político é complementar ao nível social e vice-versa.

i) De que a principal atividade da organização anarquista é o trabalho/inserção social em meio às manifestações de luta do povo.

j) De que a ética é um pilar fundamental da organização anarquista e que ela norteia toda a sua prática.

k) Da necessidade de propaganda e de ela ter de ser realizada nos terrenos mais férteis ao desenvolvimento do anarquismo.

l) Da organização funcionando com distintos níveis de participação/comprometimento, dando corpo a uma forma de organização em que o compromisso está diretamente associado com o poder de deliberação. Da mesma maneira, uma organização que proporcione uma interação eficiente com os movimentos populares.

m) De que a organização deve possuir critérios claros de entrada e posições bem determinadas para todos que queiram ajudar (níveis de apoio/colaborador).

n) Da autogestão e do federalismo para a tomada de decisões e articulações necessárias, utilizando a democracia direta.

o) A busca permanente do consenso, mas, não sendo possível, a adoção da votação como método decisório.

p) Do trabalho com unidade teórica, ideológica e programática (estratégica/de ação). A organização constrói coletivamente uma linha teórica e ideológica e da mesma forma determina e segue com rigor os caminhos definidos, todos remando o barco no mesmo sentido, rumo aos objetivos estabelecidos.

q) Do compromisso militante e da responsabilidade coletiva. Uma organização com membros responsáveis, que não é complacente com a falta de compromisso e a irresponsabilidade. Da mesma forma, a defesa de um modelo em que os militantes sejam responsáveis pela organização, assim como a organização seja responsável pelos militantes.

r) Os militantes que compõem a organização têm, necessariamente, de estar inseridos em um trabalho social, bem como se ocupar de atividades internas da organização (secretarias, etc.). [*]

[*] Durante o processo organizativo os membros que ainda não tiverem realizando trabalho social devem buscar realizá-lo discutindo coletivamente os espaços possíveis/desejáveis.

Estratégia geral

A estratégia geral do anarquismo que defendemos baseia-se nos movimentos populares, em sua organização, acúmulo de força, e na aplicação de formas de luta avançada, visando chegar à revolução e ao socialismo libertário. Processo este que se dá conjuntamente com a organização específica anarquista que, funcionando como fermento/motor, atua junto aos movimentos populares e promove as condições de transformação. Estes dois níveis (dos movimentos populares e da organização anarquista) podem ainda ser complementados por um terceiro, o da tendência, que agrega um setor afim dos movimentos populares.

Essa estratégia, portanto, tem por objetivo criar e participar de movimentos populares, defendendo determinadas concepções metodológicas e programáticas em seu seio, de forma que possam apontar para um objetivo de longo prazo, que se consolida na construção da nova sociedade.

Construindo um Grupo Anarquista Organizado (GAO)

O grupo anarquista organizado é a semente da organização anarquista. Propomos um caminho para iniciar um grupo anarquista organizado (GAO):

Divisão de tarefas básicas: os trabalhos internos regulares devem ser divididos entre os militantes. Isso evita que alguns fiquem sobrecarregados e outros com poucas tarefas, tornando a participação mais horizontal. Sugerimos algumas funções para o grupo:

a) companheiro de organização: encarregado de relatar os acordos e decisões das reuniões, repassá-los aos demais, montar um calendário, convocar as reuniões, organizar os materiais internos do grupo;

b) companheiro de propaganda: encarregado de pensar e propor políticas de comunicação e materiais de propaganda do grupo. Ex: boletim, site, panfletos;

c) companheiro de finanças: faz a tesouraria do grupo, arrecada as contribuições periódicas dos militantes, pensa formas de arrecadar grana e estrutura para o grupo;

d) companheiro de relações: cuida das cartas, caixa postal, e-mails, conversas com outros grupos anarquistas, de esquerda e/ou movimentos populares;

e) companheiro de formação política: encarregado do debate de formação interno do grupo, levanta temas, pesquisa e separa materiais, procura cursos, ajuda os demais em sua formação política, etc;

Esta divisão não é rígida. O companheiro de propaganda coordena o boletim, por exemplo, mas nada impede que os demais dêem idéias, escrevam, ajudem, etc. O mesmo vale para as demais funções.

Reunião: é fundamental que sejam regulares, pois é a única forma do grupo debater e planejar suas ações coletivamente.

Comunicação do grupo: abrir uma caixa postal para correspondência, um e-mail e site para internet e publicar um boletim, permitindo que o grupo seja conhecido pelas pessoas.

Método decisório: é a busca do consenso, com todos participando de forma igualitária do debate. Quando não se chegar ao consenso e a questão exigir decisão, vota-se o ponto e o grupo todo acata o que foi decidido. A posição minoritária e sua argumentação deverão constar em ata para avaliação posterior.

Tarefas básicas de cada militante: uma função interna (organização, finanças, propaganda, relações e formação política); uma militância externa social em alguma frente; participar das reuniões e contribuir com o grupo.

Propostas para o desenvolvimento dos trabalhos organizativos do Coletivo Anarquista Bandeira Negra:

  • Partindo de um critério mais qualitativo do que quantitativo, aproximar pessoas que possam aprofundar as discussões e constituir uma base sólida do coletivo.
  • Reunir, dentro deste critério, as pessoas interessadas no projeto para impulsionar o processo de organização.
  • Começar as atividades em dois eixos fundamentais:
    • Formação política.
    • Coordenação de trabalhos práticos.
  • Formação política: iniciaremos com o Curso de Formação Anarquista do FAO, que aborda os módulos “Formação da corrente libertária”, “História Social do Anarquismo”, “Teoria da Organização Política”, “Via estratégica e Poder Popular” e “Marco teórico e categorias de análise”. Após essa formação inicial, utilizaremos o programa de formação da FARJ/OASL, começando pelos módulos V e VI (Modelos de Organização Anarquista – Sintetismo e Especifismo), compreendendo as diferentes concepções de organização anarquista e aprofundando nossa proposta. Depois passaremos para o módulo VII (Trabalho e Inserção Social) para compreendermos o que é trabalho social, inserção social e como podemos potencializar nossos esforços nesse sentido. Importante apontar que paralelamente a este processo os militantes necessitarão investir também na sua auto-formação, com apoio dos companheiros do coletivo.
  • Coordenação de trabalhos práticos: verificar qual a militância e as afinidades de cada membro do grupo. A partir disso estabelecer aos poucos o que seriam as funções internas (organização, propaganda, relações, etc.) e quem ficaria responsável por elas, e as funções externas (trabalho/inserção social). A sugestão é que, no início, cada um ocupasse a função interna que tem mais facilidade e que se colocasse em discussão todos os espaços em que a militância do coletivo está atuando ou mesmo que tem condições de atuar. Diferenciar movimentos populares (movimentos sociais, sindicatos, etc.) de coletivos e outros grupos. O ideal é que já no curto prazo se consiga ajustar uma função interna e uma função externa para cada militante, e que se possa também começar a discutir uma atuação organizada nos setores que forem escolhidos como espaços de intervenção do grupo. Verificar, além do trabalho social, quais outros trabalhos poderão ser empreendidos pela militância.
  • Atividades públicas: organizar eventos para dar expressão ao coletivo e agregar gente ao processo. Além dessas atividades, estruturar um Grupo de Estudos do Anarquismo, de caráter aberto ao público interessado.
  • Aproximação com o FAO: pedir uma aproximação formal com o FAO e manter contato principalmente com as organizações do Sul, especialmente a de Joinville.
  • Participação na reunião do FAO de 10 anos, em 2012, integrando-o como um grupo ou organização constituída.
  • Participar do Ato do 55º Aniversário da Federação Anarquista Uruguaia (FAU), no final de Outubro, em Montevidéu.

Sugestão de prazos

Atividades de formação e coordenação dos trabalhos: 2 meses.

Pedido de aproximação ao FAO: após a constituição do grupo.

Maturação e fundação da organização: avaliar durante o processo, colocando como meta um período de 8 a 10 meses.

Contato:

E-mail: ca-bn@riseup.net