[COMPA] Nota de repúdio aos trotes racistas na FDUFMG

Publicamos nesta data, nossa nota pública de repúdio ao trote ocorrido na FADFMG, na última sexta-feira, dia 15 de março, e seu conteúdo inaceitável.
A “NOVA ANTIGA” DIREITA: O CONSERVADORISMO E  O NAZI-FASCISMO TRADICIONAIS E SUAS MÁSCARAS DO SÉCULO XXI
Com atitudes indiretas, brincadeiras “despretensiosas” e mascaradas, amparada em falsos discursos de “liberdade de expressão” e da máxima “tudo pelo humor”, a direita reproduz sua ideologia e estreita seus laços. É na brincadeira e no discurso contra o “politicamente correto” (termo forjado pela direita para desqualificar pessoas que optam por uma postura ética diante dos problemas sociais) que se dissemina grande parte do pensamento conservador e preconceituoso da atualidade. É sob o enorme guarda chuva do “humor” que se esconde o processo de naturalização do racismo, do machismo e da homofobia, tão presentes em nossa sociedade.
No dia 18 de março de 2013, foram divulgadas na internet duas fotos de trotes ocorridos dentro do prédio da Faculdade de Direito da Universidade Federal de Minas Gerais. Na primeira foto, três veteranos brancos, com bigodes falsos fazendo alusão à Adolf Hitler, fazem uma saudação nazista ao lado de um calouro negro pintado de vermelho amarrado à um poste. Na segunda, há uma caloura pintada de preto, segurando uma placa com os dizeres “Caloura Chica da Silva”, acorrentada e segurada por um veterano branco que sorri.
Bastou uma busca um pouco mais detalhada no perfil do facebook de um dos estudantes que fez a saudação nazista, e pudemos constatar que ele assina páginas de orgulho branco, de figuras nazistas, de conteúdos de extrema-direita, de órgãos e figuras repressivas da atualidade, como a PMMG, a ROTA, o Coronel Telhada e que, em algumas de suas fotos, havia um emblema do Movimento Pátria Nossa Brasil (ligado ao grupo de extrema-direita integralista “Carecas do Brasil”). Temos uma constatação: um declarado nazi-fascista exerce o papel de vanguarda de suas intenções ideológicas em brincadeiras corriqueiras na universidade.
Mesmo que não houvesse um nazi-fascista infiltrado nesse quadro, a resposta a tais acontecimentos e atitudes deve ser dada de maneira categórica, por ser inaceitável que tais piadas e brincadeiras sejam tidas como normais e para que barremos a caminhada da extrema-direita. A figura de uma mulher negra, descrita com “Caloura Chica da Silva” e acorrentada por um branco é uma representação sem escrúpulos de toda uma trágica história de escravidão, opressão, racismo e sofrimento do povo negro brasileiro. A ironia e o sarcasmo são violências morais e, para nós, são como a violência física das chibatadas que nossos irmãos e irmãs negros e negras recebiam nas Fazendas de Engenho dos brancos durante as centenas de anos de escravidão no Brasil.
O povo tem memória! Em resposta às investidas da direita em destruí-la, justamente por ela ser o acúmulo de contestação, luta e conquista durante a consolidação do país e de sua história, nós afirmamos que o povo tem sim sua memória, e a reivindica sempre em suas ações. A abolição da escravatura não foi concedida por nenhuma princesa! Foi conquista de quilombolas guerreiros, de “Zumbis”, de “Dandaras”, do povo negro organizado em defesa de sua libertação e soberania cultural, social e política. Eis uma breve elucidação da memória, que jamais será destruída ou escondida como os fascistas desejam. E é em defesa dessa memória – e a partir dela – que dizemos NÃO à naturalização da violência reacionária, contra o negro, a mulher, o homossexual, o trabalhador, o desempregado, o marginalizado forçado pela sociedade segregatória e criminalizadora etc.
Nesse sentido, publicamos esta nossa nota de repúdio e algumas de nossas avaliações sobre o ocorrido, fazendo uma chamada aos estudantes, como à todo povo trabalhador, negro, mulato, pardo, às mulheres trabalhadoras, mulheres negras; que façamos combate permanente a tais manifestações que ferem nossa história, nossa memória e que seguem essa estratégia da direita de nos enfraquecer e ideologizar ocultamente os espaços sociais onde se inserem, disseminando o ódio, a intolerância e o preconceito.
A estes fascistas, repetimos em alto e bom som a palavra-de-ordem das companheiras e companheiros da Revolução Espanhola em 1936: NÃO PASSARÃO!
SOMOS TOD@S CHICAS DA SILVA!
Coletivo Mineiro Popular Anarquista
Belo Horizonte, 20 de março de 2013

Ocupação da Reitoria da Udesc: Contra a privatização da Universidade Publica

Hoje, dia 19 de março, através da reunião do Conselho Universitário da UDESC (CONSUNI), foi aprovado o processo de no 11781\2012, referente a alterações do regimento geral da universidade

OCUPA UDESC ? 48H DE MOBILIZAÇÃO

O QUE?
Hoje, dia 19 de março, através da reunião do Conselho Universitário da UDESC (CONSUNI), foi aprovado o processo de no 11781\2012, referente a alterações do regimento geral da universidade.

CONSEQUÊNCIAS
Essas alterações, ditas pontuais e sem impactos significativos, foram consideradas estruturais pela maioria dos estudantes. Apesar de uma grande manifestação visando a abertura e ampliação da discussão que possibilitasse a visão das reais consequências dessas modificações, o processo foi aprovado pelo Conselho Superior Universitário. As alterações ditas problemáticas dizem respeito à criação de um Órgão Suplementar Superior, vinculado e subordinado ao reitor, para facilitar, apoiar e incentivar a captação de recursos privados para todas as áreas da Universidade. Essa alteração não pode de forma alguma ser encarada como pontual, pois mexe estruturalmente na autonomia universitária e altera a política de propriedade intelectual, transferência de tecnologia e direcionamento do ensino, pesquisa e extensão.

POSICIONAMENTO E REIVINDICAÇÕES
Para nós estudantes ficou claro que a votação se deu de forma antidemocrática, uma vez que o poder de voto e voz estudantil é reduzido a um único representante por centro. A produção do conhecimento construído na universidade pública deve ser de acordo com os interesses das demandas populares. NÃO NOS SENTIMOS REPRESENTADOS. Questionamos a democracia e EXIGIMOS paridade de voto nos conselhos e nas instâncias deliberativas da UDESC, bem como a universalização dos votos nas eleições.

Nossas reivindicações vão para além das pautas colocadas hoje em reunião. Há uma história de luta do movimento estudantil por questões estruturais e de permanências estudantis: restaurante universitário, um local de moradia estudantil, bolsas de pesquisa, extensão e monitoria que auxiliem financeiramente os estudantes (o valor é de 360 reais sem reajuste há anos). Nossa estrutura física está decadente! Estamos sem materiais permanentes para uso em aulas até coisas menores como corte de grama, papel higiênico e outras coisas mínimas, devida ao histórico de má distribuição do dinheiro que é destinado para a UDESC.

OCUPA
Os estudantes presentes na reunião do CONSUNI, após a aprovação desta resolução, decidiram em uma assembléia geral pela Ocupação da Reitoria da UDESC por 48h como forma de massificação dos estudantes e da comunidade para a convocação de uma Assembléia Geral de todos os Campi do estado, no dia 21 de março, quinta-feira, às 17h, no saguão da Reitoria.

Fonte: CM”i” – FloripaImage