Nós, do Coletivo Anarquista Luta de Classe (CALC/PR) viemos por meio dessa nota expressar nossa solidariedade às organizações, companheiros e companheiras vítimas de perseguição política na última semana no Rio Grande do Sul. No ultimo dia 25 de outubro, o Anarquismo foi mais uma vez alvo de uma operação policial, que promoveu mandados de busca e apreensão na cidade de Porto Alegre e Região Metropolitana, como Viamão e Nova Hamburgo. Com base em acusações absurdas como tentativa de homicídio, uso de explosivos e formação de quadrilha, a chamada Operação Érebo invadiu de modo truculento a sede do Instituto Parrhesia (organização que atua na defesa dos Direitos Humanos) e da Ocupação Pandorga (que realiza atividades nas áreas de arte, cultura e educação), em busca da sede da Federação Anarquista Gaúcha – que já fora invadida nos anos de 2009 e 2013.
O caráter farsesco da operação é visível. Na Ocupação Pandorga, garrafas plásticas utilizadas como compactadoras de plástico para reciclagem foram apreendidas e tiveram suas imagens divulgadas na grande mídia como se fossem utilizadas para a fabricação de explosivos. Também foram apreendidos livros, cartilhas, bandeiras e panfletos, materiais que de acordo com o delegado constituem “provas suficientes” para sustentar as acusações. Criminalizar o anarquismo é o objetivo da operação policial e seus aliados midiáticos.
No próximo 18 de novembro a Federação Anarquista Gaúcha completará 22 anos de suor, luta e organização desde baixo. E sem dúvida é por essa história que o Estado vêm tentando colocar a FAG no centro da farsa da “organização criminosa”, tendo os mandados de busca e apreensão constado em nome da organização. Atacam o anarquismo pois esse espectro político luta fora dos limites da farsa eleitoral e das amarras burocrática. A militância anarquista, dentro dos movimentos sociais, procura enraizar junto ao povo um projeto radical que ameaça a manutenção dos privilégios da elite racista, machista e homofóbica que se mantém no poder desde o Brasil colonial até hoje.
Não tenhamos duvida e nem sejamos ingênuos: a criminalização não começa agora, e a mão do Estado é sentida mais forte por aqueles e aquelas que se posicionam combativamente ao lado dos interesses e da luta da classe oprimida, em um cenário onde a repressão policial é a regra para os de baixo. E se engana quem pensa que isso é problema apenas da militância vinculada à ideologia anarquista. Desde 2013 com as manifestações de junho contra o aumento da tarifa, passando pelos mega-eventos como a copa de 2014 e as olimpíadas no Rio de Janeiro em 2016, o aparato repressivo tem se sofisticado cada vez mais. São investimentos em equipamentos e treinamentos, medidas legislativas como a Lei Anti-Terrorismo aprovada pela ex-presidenta Dilma Rousseff (PT), e o fortalecimento de órgãos de inteligência e como o Gabinete de Segurança Institucional, onde se encontra a ABIN. Tudo isso em só uma direção: mapear e reprimir movimentos sociais e organizações políticas que representam uma ameaça aos interesses da elite brasileira e internacional, sejam anarquistas ou não.
Por isso nós do Coletivo Anarquista Luta de Classe, que partilhamos do mesmo projeto político anarquista nacional da FAG, através da Coordenação Anarquista Brasileira, viemos manifestar nosso apoio e solidariedade aos companheiro/as gaúcho/as que mais uma vez se encontram na mira da repressão e criminalização do Estado brasileiro!
Todo apoio a Ocupação Pandorga!
Todo apoio ao Instituto Parrhesia
Solidariedade a todos e todas que lutam!
Viva a Federação Anarquista Gaúcha!