Arquivo da tag: bandeira negra

Carta de Saudação da Coordenação Anarquista Brasileira ao ato de fundação da Organização Anarquista Zabelê (OAZ)

OAZ

https://anarquismo.noblogs.org/?p=435

Leia em PDF: Carta de Saudação da CAB a OAZ

A Coordenação Anarquista Brasileira comemora a Fundação da Organização Anarquista Zabelê (OAZ). A CAB é resultado de um processo de reconstrução da ideologia anarquista no Brasil desde a década de 1990, que foi aos poucos se gestando nas discussões do Fórum do Anarquismo Organizado (FAO) e se concretiza como Coordenação em 2012. Recorremos a este histórico com um único objetivo, o de reconhecer também o esforço e o processo de organização do Anarquismo no Piauí, saudando de maneira unânime nossas companheiras e companheiros por mais esta iniciativa.

O Anarquismo tem ganhado espaço no cenário nacional e com isso inúmeras propostas e iniciativas libertárias tomam corpo no país, concretizando alternativas autoorganizadas e potentes na construção de movimentos sociais cada vez mais fortes. No entanto, muitos desses projetos com o tempo naufragam e acabam virando apenas “iniciativas”, perdendo a oportunidade de concretizar-se em verdadeiros espaços de agitação e articulação das lutadoras e lutadores desse país.

Nesse sentido, elogiamos o passo dado pelxs companheirxs do antigo Grupo de Estudos Anarquistas do Piauí (GEAPI), que depois de 2 anos de estudos, discussões e lutas – e retomando as experiências de várixs militantes ao longo dos últimos anos –, amadureceram o projeto de fundar uma Organização Anarquista Especifista nesse estado, em sintonia com o projeto já em curso no Brasil.

Nesse país, com dimensões continentais, é necessário fincar pé em cada lugar. E nós, militantes da CAB, nos sentimos irmanadxs pelo projeto que agora tem início no Piauí. Para nós, não é “apenas” o surgimento público de uma nova organização política ao nosso lado. É, pois, um novo sotaque em cada palavra que iremos difundir em todos os lugares. Por um lado regionaliza o projeto de construção nacional e avanço do anarquismo e, por outro, são novas idéias energias e sonhos que ousarão construir novas táticas de lutas para todo o país. A grandiosidade de nossos objetivos finalistas impõe a necessidade de enraizarmos nossa ideologia em cada palmo de chão desta terra.

Destacamos ainda duas iniciativas que nos pareceu exitosas e que merecem ser lembradas nesta saudação. Trata-se dos dois Congressos realizados no Piauí (CONAPI’s). Nós entendemos que esses Congressos tiveram uma importância fundamental tanto para a criação da OAZ quanto para nosso afinamento. Foram momentos em que tivemos oportunidade de ver vários projetos libertários em curso por todos os cantos, e de maturar conceitos e propostas de intervenção e de organização política.

Além disso, registramos aqui o fortalecimento do eixo Teresina/Sobral/Fortaleza. Nos últimos dois anos, a organização conjunta de várias atividades nas três cidades, como foram os Seminários “Anarquismo e Organização Popular”, demonstram claramente laços importantes e que certamente fará nossa bandeira avançar.

Diante de uma conjuntura bastante singular em nossa história e com expectativa de ainda mais ataques a nossa classe, temos como urgência a organização em nossos locais de estudo, trabalho e moradia. Acreditamos que a Organização Anarquista Zabelê irá contribuir imensamente para seguirmos buscando soluções para os enormes desafios na construção do Poder Popular.

Viva a Organização Anarquista Zabelê!!!
Fazer crescer a bandeira negra!!!
Viva a Anarquia!!!

Coordenação Anarquista Brasileira
09 de Abril de 2016

[ORL] CARTA PÚBLICA DE COMEMORAÇÃO DOS 7 ANOS DA ORGANIZAÇÃO RESISTÊNCIA LIBERTÁRIA

Retirado de: http://www.resistencialibertaria.org/index.php?option=com_content&view=article&id=163%3A2015-12-19-23-41-17&catid=38%3Aeleicoes&Itemid=56

Carta Pública de Comemoração dos 7 anos da Organização Resistência Libertária

Companheiras e companheiros de caminhada nesta luta por igualdade e liberdade,

Nossa Organização completou 7 anos de atividade política e pública. Aos olhos de muitos, esse é um tempo pequeno diante da caminhada pela liberdade. Aos nossos olhos, esse tempo modesto tem amplo significado, tanto para nossas vidas como para a experiência de luta do anarquismo neste estado.

Em meados de 2007, a recente experiência de luta de muitos/as estudantes secundaristas e universitários/as se unia a experiência organizativa de muitos/as militantes anarquistas que há longos anos movimentava a luta libertária nestas terras cearenses. Naquele cenário, de aliança de militâncias jovens e de uma militância mais experiente e ideológica, prosperou a fraternidade necessária e a vontade de fazer crescer um coletivo independente das forças políticas existentes até ali, que a nosso ver representavam um prejuízo aos movimentos sociais, retirando-lhes potência e ação.

Foi exatamente um ano o tempo necessário para nossa constituição como corpo político. Aos 8 de dezembro de 2008, na abertura do I Encontro Libertário: Anarquismo e Movimentos Sociais (em Fortaleza), a Organização Resistência Libertária lia seu Manifesto de Criação. Esse processo, de um ano de discussão interna, teve uma importância decisiva em nossa organização. Nesse tempo, dezenas de discussões políticas e muitos/as militantes se revezaram na difícil tarefa de diálogo e construção de laços de uma unidade possível e fazer crescer nossa militância.

A experiência da luta do anarquismo cearense, sobretudo naquela história recente, era tributária de muita luta, mas pouquíssima organização entre os/as anarquistas. Era uma intensa atividade política, mas entre nós nos entendíamos pouco e isso era refletido também em nossas ações, condenando-nos a atividades pontuais e de pouco alcance. A necessidade de uma maior organização entre os anarquistas era cada vez mais evidente. E começávamos a entender, com muito esforço, e aliado a muitas companheiras e companheiros anarquistas deste país, que nosso limite estava ali. Ou dávamos um passo à frente e construíamos laços mais orgânicos e que nos impulsionariam a crescer politicamente, ou então, como já tinha acontecido dezenas de vezes em anos anteriores, estaríamos condenados a inanição política como coletivo ou a mera ação individualizada, que já havia se mostrado estéril politicamente.

Aqui queremos dar um registro especial a todas e todos que construíram a ORL. Ainda que muitos fundadores e fundadoras não estejam mais conosco organicamente, registramos a importância de cada um de vocês. É preciso não ter dúvidas. Foi cada palavra, cada conflito e cada calma, cada gesto, de todo/as, que fazem esse texto ser lido agora. Aqui está a Organização Política que vocês ajudaram a construir. Aqui está, com novos rostos, e depois de muitas sementes, a vossa plantação. Somos nós que, entendendo os motivos de cada militante que precisou se afastar por um curto ou largo período, manifestamo-nos diariamente na manutenção do sonho que certamente temos em conjunto. Importante também fazer um registro dos/as apoiadores/as que, mesmo nunca tendo feito parte orgânica da do nosso grupo, foram sem dúvidas de inteiro companheirismo desde primeira hora. A Organização também é resultado do apoio de vocês, foram também decisivos em cada momento.

É preciso também dizer que nossa história não é triunfalista. Recusamos o típico discurso das organizações políticas que comemoram novos ciclos apenas a cantar vitórias e ações revolucionárias. Nossa história não é bela e nem feia. Ela foi, dentre as muitas possibilidades de ação, construída coletivamente, a partir da força, dos medos, da radicalidade, dos anseios… de cada um de nós que, compartilhando ações com mais um mundo de lutadores sociais intentamos projetar novos mundos. É preciso ter coragem, sob tantos os ângulos, para afirmar nossos acertos e principalmente nossos erros. Foram muitos destes erros que nos fizeram amadurecer e prosseguir, dirimindo traumas e construindo um espírito de luta coerente com nossa caminhada.

Foi no terreno da luta social, da difícil luta militante, de muito trabalho e pouco sono, que pudemos semear nosso sonho libertário. É na peleja com muitos lutadores que nos criamos. Na militância estudantil, indígena, comunitária, sindical… aprendemos com a prática aquilo que já pensávamos no plano teórico. Juntos com a militância dos/das companheiros/as do Movimento de Luta em Defesa da Moradia (MLDM) e, mais recentemente, do Movimento Social FOME (Sobral), do Movimento Passe Livre (MPL), do Movimento de Oposição Sindical (MOS) e na Biblioteca Social Plebeu Gabinete de Leitura, temos se construído como militantes, aprendendo com cada um e cada uma, renovando diariamente nossas ideias de transformação social.

No plano político, mais orgânico, é preciso reconhecer de início a forte influência que tivemos da Federação Anarquista do Rio de Janeiro (FARJ). Foram nossos/as primeiros/as companheiros/as de leitura e concepção de projeto revolucionário, participando diretamente da nossa formação. Saudamos também em nome de todas as organizações irmãs, a Federação Anarquista dos Palmares (FARPA), também irmãos e irmãs de primeira hora, desde 2008, e por todo o esforço com que tem trabalhado em conjunto conosco pela construção do anarquismo no Norte e Nordeste desse país. Internacionalmente, nossas relações com a Federação Anarquista Uruguaia (FAU) não poderá jamais ser esquecida, pelas elaborações teóricas e pela experiência de luta compartilhada nos últimos 5 anos.

É preciso afirmar também nosso imenso crescimento político com a construção da Coordenação Anarquista Brasileira (CAB), que desde 2012 tem reunido organizações irmãs de diversas partes deste país, tentando criar um projeto de transformação social construído pelos “de baixo” e em sintonia com nossas princípios e práticas militantes. Que cada militante, de cada organização irmã, sinta um forte abraço de cada um de nós. É com vocês que criamos nosso projeto e é com vocês que nosso projeto avançará. Vocês são nossa bandeira tremulando em cada território saqueado desse país, vocês são nossa esperança de resistência e luta.

A Organização Resistência Libertária agradece a fraternidade de todas as organizações-irmãs, nomeadamente: Federação Anarquista Gaúcha (FAG/RS), Rusga Libertária (RL/MT), Federação Anarquista do Rio de Janeiro (FARJ/RJ), Federação Anarquista dos Palmares (FARPA/AL), Coletivo Anarquista Luta de Classes (CALC/PR), Organização Anarquista Socialista Libertário (OASL/SP), Coletivo Anarquista Bandeira Negra (CABN/SC), Federação Anarquista Cabana (FACA/PA) e, mais recentemente, do Fórum Especifista da Bahia (FAE/BA), da Organização Anarquista Maria Iêda (OAMI/PE) e da Organização Anarquista Zabelê (OAZ/PI). De pé e em luta, sempre!

Fazer crescer a bandeira negra!

Vivas a Organização Resistência Libertária!

Lutar, Criar, Poder Popular!

Organização Resistência Libertária

19 de dezembro de 2015