Arquivo da tag: cazp

Saudações do CALC aos 15 anos de anarquismo organizado em Alagoas! Viva a FARPA!

Saudações libertárias!

É com grande entusiasmo e alegria que nós, do Coletivo Anarquista Luta de Classe, do Paraná, viemos saudar o avanço do anarquismo especifista em terras nordestinas, desta vez representado pelos 15 anos de organização anarquista no Alagoas, comemorados no dia 24 de novembro, na cidade de Maceió. O processo de articulação dos antigos COLIDE–Coletivo Libertario Delmirense e do CAZP – Coletivo Anarquista Zumbi dos Palmares, que culmina hoje na FARPA – Federação Anarquista dos Palmares – demonstra o avanço na organicidade e enraizamento do anarquismo especifista no estado de Alagoas.

farpa logo.jpg

Na mesma semana em que diversas regiões do país realizam ações relembrando a luta do povo negro e um de seu maiores símbolos de resistência, o Quilombo dos Palmares, o anarquismo demostra estar vivo e presente nas lutas do povo alagoano. O nome da federação homenageia um dos mais importantes processos de luta social deste continente, ocorrido na região de Alagoas. A Federação Anarquistas dos Palmares se propõe a continuar este legado na presença cotidiana da luta sofrida dos e das de baixo. No trabalho de base, dia após dia, que aponta para um horizonte revolucionário, com estratégia e táticas bem definidas de enfrentamento às estruturas e sistemas de dominação que esmagam nossas existências.

Na conjuntura politica que vivemos hoje, em que a maior parte da esquerda vive distante do povo e sonha com as eleições burguesas de 2018, longe de dialogar e apresentar reais instrumentos politicos de organização, cabe a nós anarquistas o papel de apontar para um outro caminho: de ruptura com a via institucional-parlamentar-burguesa e de construção de uma real alternativa política para os interesses da classe oprimida.

Somente através da ação direta combativa, da solidariedade de classe, da autonomia frente ao aparelhamento do Estado e da burocracia sindical, com trabalho de base e sem ilusórias saídas imediatistas é que iremos avançar na luta em defesa de nossos direitos sociais. Com 13 anos de governo PT e sua política nefasta de apaziguamento e esfriamento da luta social, o povo hoje se encontra desarmado e longe do controle dos instrumento que poderiam servir aos seus interesses. Os movimentos sociais institucionalizados, como a CUT, a UNE e a burocracia dirigente do MST seguem com seus olhos voltados para 2018, incapazes de tornarem-se agentes de transformção efetiva junto ao povo. Esses setores não tem nada a oferecer contra a brutal retirada dos direitos que acontecem agora, e muito menos para um projeto de ruptura e construção de uma nova sociedade.

Ao retomar Zumbi dos Palmares e Dandara, a FARPA aponta para uma outra perspectiva de luta, anti-colonial, anti-racista e anti-patriarcal. É preciso voltar-se para a resistência construída nesse território chamado de Brasil, fazer jus a nossa memória e nossa luta, que começou contra a invasão colonial das Américas em 1492. Essa continuidade perpassa pela revisão de nossa matriz de pensamento e das referências da esquerda branca e eurocêntrica, bebendo de experiências de resistência dos povos originários e do povo negro, que constituem a maioria e são sujeitos decisivos para o processo revolucionário que visamos construir em nosso território.

farpa.jpg

 

Viva a luta do povo negro !

Viva os 15 anos de anarquismo alagoano !

Viva a FARPA ! Viva a CAB !

[CABN] Boletim CABN ago/set/2015

Retirado de: http://www.cabn.libertar.org/boletim-agoset-2015/

Salve companheirada!

Neste boletim de agosto e setembro: Repressão no Uruguai; Ponta do Coral (FLN); 10 anos de MPL (Jlle); fundação da Federação Anarquista dos Palmares – FARPA/Alagoas; Jornal Libera #165

Repressão no Uruguai

Socializamos nota da Coordenação Anarquista Brasileira em solidariedade aos lutadores e lutadoras taxistas e educadores no Uruguai, que estão sofrendo perseguição e prisões ilegais por conta da participação na luta em defesa da educação pública. Chamamos toda a esquerda a se posicionar em solidariedade com esses compas e debater o papel que tem cumprido os governos da Frente Ampla no Uruguai, que atacam e criminalizam os setores independentes em luta:
https://anarquismo.noblogs.org/?p=325

https://www.facebook.com/notes/federacion-estudiantes-universitarios-uruguay/declaraci%C3%B3n-codicen/412323148967913

Ponta do Coral

Em Florianópolis, segue a luta em defesa da Ponta do Coral apesar das tentativas de criminalização e cooptação. O Movimento Ponta do Coral 100% Pública responde a processo por supostos “danos morais” à Construtora Hantei, no valor de 100 mil reais.

Além disso, o prefeito Cesar Souza tenta convocar um Conselho da Cidade para seguir as discussões do Plano Diretor sem a participação comunitária. O movimento rejeitou a participação oferecida no Conselho e, junto ao movimento comunitário da cidade, entrou com representações no Ministério Público contra o golpe:
https://parqueculturaldas3pontas.wordpress.com/2015/09/29/o-golpe-do-prefeito-cesar-souza-no-plano-diretor-participativo/

Convocamos movimentos, entidades e coletivos para somar assinaturas na Carta Aberta pela mudança de zoneamento da Ponta do Coral e na Moção Pública contra a criminalização do movimento, encaminhando email para pontadocoralpublica@gmail.com:

https://parqueculturaldas3pontas.files.wordpress.com/2015/09/carta-aberta-avl1.pdf

https://parqueculturaldas3pontas.files.wordpress.com/2015/09/mocao-publica-contra-criminalizacao-mov-pta-coral.pdf

10 anos de MPL – Joinville

O Movimento Passe Livre celebrou os 10 anos de luta contra as catracas em Joinville com um festival de rap e mobilização, junto ao Coletivo PinteLute, o Ocupa Passe Livre. Leia a declaração do MPL, resgatando a história de luta e denunciando a repressão policial que se fez presente:

https://www.facebook.com/MovimentoPasseLivreJoinville/posts/953974241326312

Fundação da Federação Anarquista dos Palmares – FARPA/Alagoas

“A fundação da Federação Anarquista dos Palmares – FARPA representa um acumulo de 13 anos de militância do CAZP e de 7 do COLIDE. Representa histórias, lutas, encontros e desencontros, entre aquelas e aqueles que buscam construir ferramentas de luta para os oprimidos. Representa um processo em permanente construção e que hoje ganha nova musculatura para enfrentar novos desafios.”
https://www.facebook.com/cazpalmares/posts/465095153673373

Nota de saudação da CAB:

http://anarquismo.noblogs.org/?p=321

Jornal Libera #165

“Está disponível o mais recente número do Libera, de número 165. Nesta edição, o editorial traz um texto recentemente publicado em nosso endereço eletrônico com o título “O que restou de Junho – Uma reflexão sobre o pós-2013“. Além disso, há trechos de “Entre Camponeses” do militante aanrquista italiano Errico Malatesta, XII Congresso da organização francesa Alternative Libertaire, Solidariedade à Sâmia Bonfim, duas traduções de textos da organização anarquista dos Estados Unidos Black Rose Anarchist Federationsobre a Revolução em curso em Rojava e o ataque do Estado Islâmico à militantes que estão lá, relato de atividade sobre o caso do Rafael Braga, palestra sobre a situação curda realizada em Campos, além de poesia e outras coisas.”

https://anarquismorj.wordpress.com/2015/09/09/libera-165/

Coletivo Anarquista Bandeira Negra, integrante da Coordenação Anarquista Brasileira.

Para entrar em nossa lista de notícias, envie um e-mail para ca-bn@riseup.net.

[CAB] Saudação da Coordenação Anarquista Brasileira à FARPA

Retirado de: http://anarquismo.noblogs.org/?p=321

Companheiras e companheiros da Federação Anarquista dos Palmares.

Esta saudação quer chegar até vocês não somente como palavras, mas como intenções, destas em que podemos sentir mesmo de longe a alegria e o entusiasmo de todas e todos companheiros da Coordenação Anarquista Brasileira pelos mais de 10 anos de luta e organização em que o CAZP sempre esteve comprometido na construção diária de um Anarquismo vinculados desde a base.

Sabemos que a tarefa de reorganizar o Anarquismo no país não tem sido fácil, mas não há outra saída. Coube a nós atuar sem descanso, cotidianamente, para criar raízes nos diferentes espaços sociais , onde possamos fermentar lutas e organização das/dos de Baixo. Nesta tarefa difícil, pelos tempos em que vivemos, encontramos em vocês, nas suas ações e esforços, mais do que companheiros na construção da CAB, encontramos irmãos e irmãs para uma vida toda de luta!

Portanto, hoje é um dia muito importante para nós da CAB e certamente para todas as organizações Especifistas e Federalistas da América Latina. Um passo a mais na luta pelo Socialismo Libertário, que com audácia cada uma e cada um de vocês ajudam a construir. É um dia para a reafirmação de nossos valores e princípios.

Certamente, companheiras e companheiros, a nossa ação política de intenção revolucionaria ganha um grande animo na conformação da FARPA, em tempos em que precisamos reafirmar cada vez mais, que as mudanças não virão de cima e que é de Baixo que se cria rebeldia e Poder Popular , este passo que damos juntos de vocês é de relevância histórica para o anarquismo Brasileiro.

Então, compas da FARPA, para finalizar estas breves linhas de saudação, queremos alcançar até vocês hoje um forte abraço e a garantia de que estamos juntos, lado a lado, na luta contra nossos opressores e que sem trégua entregamos nossas vidas para o futuro diferente, vida esta que está a serviço da construção de um mundo novo, aquele que levamos não só em nossos corações, mas também nas nossas ações de todos os dias.

Que vocês possam sentir neste momento nossa vibração, de norte a sul do país, por esta data mais do que especial!

VIDA LONGA A FARPA!

VIVA O ANARQUISMO ESPECIFISTA!

VIVA A CAB!!!

Coordenação Anarquista Brasileira

Saudação do CALC à fundação da Federação Anarquista dos Palmares (FARPA)!

“(…) a organização, longe de criar a autoridade, é o único remédio contra ela e o único meio para que cada um de nós se habitue a tomar parte ativa e consciente no trabalho coletivo, e deixe de ser instrumento passivo nas mãos dos chefes.”. (Errico Malatesta)

Saudações aos companheiros e companheiras de terras alagoenses,

Nós do Coletivo Anarquista Luta de Classe (CALC), do estado do Paraná, que compomos a Coordenação Anarquista Brasileira (CAB) em conjunto com demais organizações anarquistas especifistas espalhadas pelo Brasil, vimos com muito entusiasmo e felicidade saudar a fundação da FARPA – Federação Anarquista dos Palmares. Fruto de um processo de avanço do anarquismo organizado no estado de Alagoas, tocado pelo Coletivo Libertário Delmirense e Coletivo Anarquista Zumbi dos Palmares, que com muito suor e trabalho árduo em meio aos movimentos populares do estado vêm construindo referência de organização, disciplina, ética e estratégia no campo especifista.

Vemos nesse passo a construção da mais nova federação anarquista em solo nordestino, território de muita luta popular e resistência à dominação capitalista, região de suma importância para a construção do movimento anarquista brasileiro. Um avanço importante e que nos anima pelos quatro cantos do Brasil, de norte a sul, de leste a oeste, em que desperta um sentimento lindo de que não estamos sozinhos e cada vez mais fortes! Dentre erros e acertos, vamos caminhando rumo à sociedade que almejamos, com coerência entre meios e fins. Vamos avançando na construção da sociedade socialista e libertária a partir do hoje, através de nossos trabalhos nos movimentos sociais, vamos enraizando os princípios libertários nas massas, sem ser vanguarda ou retaguarda, mas sim construindo ombro a ombro os movimentos sociais com a classe dominada.

Frente a uma conjuntura em que a luta de classes se acirra cada vez mais, com cortes de verba nos serviços públicos, sucateamento e precarização das universidades públicas e do SUS, ataque aos direitos da classe trabalhadora, demissões em massa, redução da maioridade penal, aumento de impostos, extermínios da população negra e pobre das periferias, e sem jamais esquecer a resistência indígena, como a dos guarani-kaiowás que vem sofrendo brutal perseguição agora no Mato Grosso do Sul pelos fazendeiros, protegidos pela lei, pelas policias, militar e civil e até a Força Nacional, faz-se necessário cada vez mais que nós, anarquistas especifistas, estejamos inseridos em meio à classe que compomos e forneçamos uma proposta de organização e luta, visto que outros setores da esquerda vêm demonstrando cada vez mais seus limites neste momento histórico, ainda se perdendo pelos palanques e holofotes da esquerda institucional, pautando a mudança pela via eleitoral, de cima para baixo.

E é com grande confiança nos mais de 10 anos de trabalho árduo dos companheiros e companheiras alagoenses, que nos alegramos e saudamos mais esse avanço do anarquismo especifista em solo nordestino brasileiro. Que continuemos firmes e fortes nessa batalha, reconhecendo que muita coisa ainda deve ser construída neste país de dimensões continentais, a partir da luta dos de baixo, rumo ao socialismo libertário!!!

VIVA A FARPA!! VIVA A LUTA POPULAR NORDESTINA!!

VIVA A CAB!!

VIVA O ESPECIFISMO!!

RUMO AO SOCIALISMO LIBERTÁRIO!!

calc_cmyk_011.jpg

18 de setembro de 2015

[CAZP] Bakunin, mais de 200 anos, contemporâneo como nunca

Retirado de: https://www.facebook.com/cazpalmares/photos/a.280261412156749.1073741828.280250265491197/430032173846338/?type=1&theater

Em andamento a desocupação da Vila dos Pescadores do Jaraguá, na imagem Terreiros e pontos de cultura e memória, casa de trabalhadores sendo destruídos enquanto o ARMAZÉM DE AÇÚCAR segue e seguirá em pé.

Segue um depoimento que resume bem a atual situação dos moradores da Vila:

Mariana tem quatro anos e não sabe porque o pai anda de um canto a outro do barraco de um só vão, espremido entre tantos outros na favela em frente “à praça da moça de ferro”, como ela costuma chamar a réplica da Estátua da Liberdade fincada diante do mar de Jaraguá. Ainda não amanheceu, e Mariana se protege do frio no colo da mãe, que a segura nos braços e parece tão preocupada quanto o marido. Em dias normais, àquela hora, o pai de Mariana costuma já estar de pé. Em vez do ar preocupado, porém, a serenidade é embalada pela música assoviada baixinho, para que a criança não acorde nem atrapalhe o sono da mulher – companheira há 7 anos. Em dias normais, o homem sai para enfrentar o mar, na esperança de trazer de volta o alimento que suprirá a necessidade da família. Hoje, no entanto, o pescador não saiu para ver o mar. Em vez disso, ouviu falar, na noite anterior, que um mar invadiria o seu barraco. Um mar fardado, de arma em punho, quiçá violento. Então se lembra de quantos mares bravios já enfrentou na vida. É da natureza do mar ser bravo e ele sabia. Mas era da natureza do homem? “Eu sou a corda, seu moço, não sou a âncora”, responde à minha pergunta. “A corda é quem sempre arrebenta”, diz com pesar. Mariana não sabe o que está acontecendo. Provavelmente, não verá mais a moça de ferro com a mesma frequência com que via até hoje. E nem entendeu aquele mar de gente fardada que chegou afugentando um cardume de seres indefesos.

DEPOIMENTO DE CARLOS NEALDO

Pra que(m) serve a polícia?
Pra que(m) serve o estado?

Estivemos e estaremos sempre presentes na luta dos moradores da Vila!

Lutar, criar, Poder Popular!

[CAZP] Lançamento da cartilha “Ideologia Materialismo e Poder”

Retirado de:                                          https://www.facebook.com/cazpalmares/photos/a.280261412156749.1073741828.280250265491197/418381188344770/?type=1&fref=nf

Link do evento: https://www.facebook.com/events/815528981871623/

Nós do Coletivo Anarquista Zumbi dos Palmares, convidamos a todos para o evento de lançamento da cartilha “Ideologia Materialismo e Poder”. Daremos mais um passo em direção a formação de uma Federação Anarquista em Alagoas.

[CAZP] BOLETIM CAZP

Retirado de: https://cazp.wordpress.com/2015/03/10/boletim-cazp/
sem-tc3adtulo-1

ESTADO, PATRIARCADO E OPRESSÕES: O FEMINISMO NA PERSPECTIVA SOCIALISTA LIBERTÁRIA

“O homem mais oprimido pode oprimir um ser, que é a sua mulher. Ela é a proletária do próprio proletário”.
(Flora Tristan, 1803-1844)

Na história do feminismo no mundo, muitos movimentos levantaram várias bandeiras contra a opressão da mulher. Contudo, apesar de muitos avanços, na atual sociedade capitalista ainda é muito vivida (e indispensável) a subordinação das mulheres para a manutenção do sistema, seja socialmente ou no núcleo familiar, uma vez que o exercício de tarefas domésticas e de criação dos filhos é condição primordial para o pleno exercício das atividades laborativas do trabalhador.

Nesse sentido, um feminismo de concepção anarquista coloca a luta contra a opressão feminina num outro patamar, pois compreende que existe uma teia de relações opressivas ao qual a mulher está submetida.  As mulheres trabalhadoras (portanto, a maioria das mulheres no mundo capitalista atual) sofrem dois tipos de opressão: uma transversal a todas as classes sociais como mulheres, e outra transversal a toda classe trabalhadora, portanto desprovida dos meios de produção. Destacamos também a dimensão étnico-racial que põem para as trabalhadoras negras o peso de uma opressão de múltiplas dimensões: econômicas, políticas e ideológicas-culturais.

Os partidos de esquerda frequentemente fazem o necessário “corte de classe” para distinguir as diferenças entre trabalhadoras e burguesas, porém, muitas vezes fazem “vista grossa” no tocante às disparidades entre as trabalhadoras e os trabalhadores. Isso decorre, geralmente, pelo fato da esquerda não trabalhar as questões de solidariedade interclasses e intragênero – consciente ou inconscientemente – que existe dentro do gênero masculino como forma de subordinar a mulher e manter seus privilégios perante esta.

Na perspectiva de enfrentamento ao Estado, percebe-se que este, na medida em que se apropria da ideia de exploração econômica dos trabalhadores, também toma como cerne de sua construção o patriarcado. O patriarcado é uma ideologia que, historicamente, perpassou por inúmeras sociedades já existentes. Trata-se de uma ideologia de múltiplas formas de dominação do homem sobre a mulher, sendo o homem considerado superior à mulher; uma organização social baseada no poder do pai, e a descendência e o parentesco seguem a linha masculina – o pai é a lei. O Estado se apropria dessa concepção na medida em que também determina e regula a vida em sociedade: o “Pai/ Deus” criador das leis que o permite usar da violência para manutenção da ordem vigente – tal ordem deve ser inquestionável e inquebrantável.

Desse modo, em sua lógica de dominação, a relação entre Estado e patriarcado, nos leva à perspectiva de que não podemos separar a luta contra a opressão de gênero da luta classista e a recíproca torna-se verdadeira quando compreendemos que a luta contra o Estado e o capital não pode ser desvencilhada da luta contra o patriarcado.

Há ainda uma tradição forte na esquerda em colocar o debate feminista, assim como os que envolvem relações étnico-raciais e sexualidade, como algo de menor importância, algo “a ser discutido depois” ou uma questão que é incorporada de maneira oportunista. É preciso avançar para uma concepção e prática que identifique e articule estruturalmente a luta feminista em conjunto com a luta contra o capitalismo e o Estado. O socialismo não é sexista e heteronormativo, ele deve ser integralmente libertário.

flora tristan

QUEM É LUCY PARSONS? A MITOLOGIZAÇÃO E A RE-APROPRIAÇÃO DE UMA HEROÍNA RADICAL.

Casey Williams

Como uma anarquista radical, Lucy Parsons dedicou mais de sessenta anos de sua vida a lutar pela classe trabalhadora norte-americana e pobre.1 Uma oradora habilidosa e escritora apaixonada, Parsons desempenhou um papel importante na história do radicalismo norte-americano, especialmente no movimento operário da década de 1880, e permaneceu uma força ativa até sua morte em 1942. A única pergunta da qual ela nunca se desviou foi “como levantar a humanidade da pobreza e desespero?”.2 Com essa questão impulsionando o trabalho de sua vida, Parsons foi ativa em uma infinidade de organizações radicais, incluindo o Socialist Labor Party (Partido Socialista Trabalhista), a International Working People’s Association (Associação Internacional das Pessoas Trabalhadoras) e a Industrial Workers of the World(Trabalhadores Industriais do Mundo). Paralelamente com seu longo envolvimento no movimento trabalhista norte-americano, estava sua solida visão de uma sociedade anarquista, filosofia que era a base de sua crítica às instituições econômicas e políticas opressivas dos Estados Unidos da América.

Sua oposição ao capitalismo e ao autoritarismo estatal foi solidificada em 1887, quando seu marido, Albert Parsons, foi executado injustamente.3 Após a bomba e as execuções de 1886, na manifestação de Haymarket, Parsons dedicou os próximos cinquenta anos de sua vida aos desempregados e à classe trabalhadora norte-americana. De fato, o poder do caso Haymarket na formação da vida adulta de Parsons não pode ser subestimado. Os acontecimentos de 1886 e 1887 fixam uma animosidade inflexível entre Parsons e o Departamento de Polícia de Chicago. Durante a vida de Parsons, a polícia a perseguiu, suprimindo sistematicamente seu direito à liberdade de expressão, prendendo-a várias vezes sem justificação. Ao longo da vida, Parsons se esforçou ativamente para construir uma identidade de classe comum entre todos os trabalhadores norte-americanos.69Muito antes do episódio da bomba de Haymarket, Parsons pediu às “massas para aprender que” os seus interesses estariam sempre em oposição à classe dominante.

O legado de Parsons também foi transformado em história de uma heroína feminista. Especialmente nas arenas de memória pública, Parsons é rotineiramente chamada de feminista. Ao longo de sua vida, ela abordou muitas questões que as mulheres enfrentam. Ela se enfureceu contra as práticas corrosivas que pressionavam as mulheres para absorver empregos domésticos e incentivou as mulheres a abraçar o controle da natalidade. Como uma mãe trabalhadora, Parsons acreditava que falava em nome de todas as mulheres que trabalhavam quando participou da fundação do IWW. No entanto, seus esforços em nome das mulheres sempre fizeram parte de sua dedicação à luta de classes. Seu interesse pela libertação feminina manteve-se focado em questões que lhe foram mais diretamente ligadas ao trabalho e ao capitalismo.

A história Lucy Parsons é mais ampla e mais complexa do que sua condensação em uma biografia ou do que um pequeno livro de fontes documentais pode capturar. Estudos sobre Parsons e o radicalismo em geral, não podem ser considerados finais – como ela mesma salientou:

“Nada é considerado tão verdadeiro ou tão certo, que as descobertas futuras não possam prová-lo falso”.

Tradução: Rusga Libertária

Adaptação: CAZP

Lucy_20Parsons_2000

cropped-cazp-logo.jpg

[CAB] Declaração do V Encontro do Norte e Nordeste das Organizações Anarquistas Especifistas – 2014

“[…] A revolução universal é a revolução social, é a revolução simultânea do povo dos campos e das cidades”

Mikhail Bakunin

Reunidos nos dias 28, 29 e 30 de Novembro de 2014, em Maceió, o V Encontro do Norte e Nordeste das Organizações Anarquistas Especifistas cravaram de forma solida e madura um espaço permanente e fértil para os debates políticos, acúmulos organizativos, fomento da luta, solidariedade e trocas de experiências.

Em nosso V Encontro, recebemos de braços abertos a Organização Anarquista Maria Iêda, de Pernambuco. Em nossa caminhada rumo ao Socialismo Libertário nos agrada saber que em mais um passo que damos outra organização irmã decidiu trilhar o mesmo caminho. Com muita satisfação comemoramos a ampliação da discussão em torno do especifismo na Bahia, e por conta dessa ampliação hoje o Coletivo Anarquista Ademir Fernando – CAAF compõe o Fórum Anarquista Especifista, FAE-BA, processo que está sendo animado em quatro cidades. Com a mesma felicidade e sentimento de irmandade agradecemos também a presença e colaboração da Federação Anarquista do Rio de Janeiro – FARJ em nosso encontro. Os anarquistas especifistas em luta no Norte e Nordeste unidos e de prontidão para a transformação social agradecem as ricas e valorosas presenças em nosso meio.

O evento possibilitou trocas de experiências teóricas, organizativa e social, uma ampla análise de conjuntura, repasses entre organizações e acordos mínimos para continuarmos caminhando em um sentido anticapitalista. Temos a certeza que mais alguns tijolos para o alicerce do poder popular foram firmados.

De pé estamos e lutaremos sem fim diante dessa nossa complexa realidade no Norte e Nordeste, que por si só não se explica, o jogo perverso do capitalismo ultrapassa fronteiras abstratas. Os lugares e suas particularidades estão conectados dentro de uma totalidade complexa e que pautada no espaço e no tempo alguns elementos econômicos, políticos, culturais e sociais são semelhantes e são construídos dentro de contextos específicos em cada Estado. Projetos de dominação e exploração seguem a todo vapor em uma escala mais ampla sem respeitar território ou fronteira e de forma ampla devem ser combatidos.

Ao buscarmos a organização a um nível mais abrangente pretendemos acumular força social para enfrentarmos um conjunto de forças capitalistas e repressoras em nosso cotidiano. Portanto, combateremos sem fim os elementos de dominação apontados por nossa militância nos diversos Estados onde atuam, como exemplo: as oligarquias familiares que dominam o campo e a cidade; os mega projetos/investimentos nas cidades que geram remoções e acúmulo de capital para as grandes empresas; aumento do aparato repressor do Estado e privado; violência contra juventude negra/pobre da periferia; sucateamento da saúde e da educação, um processo de mobilidade urbana elitista que visa o escoamento das mercadorias, rapidez na produção capitalista e lucros para os empresários do transporte; o avanço reacionário da chamada “bancada da bala” e da lógica da democracia representativa em si; o encarecimento dos alimentos a partir da substituição do camponês pelo pequeno produtor de monoculturas orientado para o biocombustível e o nefasto modelo do agronegócio.

Sendo assim, não tá morto quem peleia! 2014 muito fizemos e para 2015 disposição não faltará para avançarmos. Que possamos nos organizar, lutar e criar poder popular para combatermos de frente o dominador. Os mecanismos repressores não cessarão e nossa resposta deve ser firme nas lutas concretas. Organizar já e lutar sempre rumo ao poder popular!

Lutar, Criar, Poder Popular!

Assinam esta declaração:

Fórum Anarquista Especifista, (FAE) – Bahia
Organização Anarquista Maria Iêda – Pernambuco
Coletivo Anarquista Zumbi dos Palmares (CAZP) – Alagoas
Coletivo Libertário Delmirense (COLIDE) – Alagoas
Organização Resistência Libertária (ORL) – Ceará
Núcleo Anarquista Resistência Cabana (NARC) – Pará

cab

[CAZP] EM ALAGOAS, O ANARQUISMO VIVE E LUTA: DO LITORAL AO SERTÃO!

Retirado de: http://cazp.wordpress.com/2014/08/18/em-alagoas-o-anarquismo-vive-e-luta-do-litoral-ao-sertao/

Entre os meses de junho e agosto de 2014, em Maceió-AL, o Coletivo Anarquista Zumbi dos Palmares (CAZP), organização política anarquista integrante da Coordenação Anarquista Brasileira (CAB), realizou o seu II Congresso.

O congresso contou também com a presença, em alguns espaços, de delegação da Federação Anarquista Gaúcha (FAG) e dos nossos conterrâneos do sertão alagoano: o COLIDE – Coletivo Libertário Delmirense. O Congresso foi uma importante instância para a reflexão crítica e a autocrítica, o aprofundamento e o estabelecimento de acordos no plano teórico, político e organizacional do CAZP.

No debate teórico aprofundamos a solidificação de bases filosóficas e teóricas, necessárias para o alicerce de nossa compreensão da estrutura social, seus processos históricos e do nosso operar militante. No plano mais político, buscamos situar a conjuntura do atual período, refletir sobre nossa força social através das frentes de luta que desenvolvemos e, sobretudo, firmar pactos e apontar para objetivos de curto, médio e longo prazo. O Congresso é também a instância em que discutimos nossa organicidade e o funcionamento da organização de maneira em que esta possa cada vez mais potencializar nossa ação política e militante e fazer cumprir as tarefas de uma organização de intenção revolucionária.

O II Congresso do CAZP abriu também um novo desafio para os anarquistas especifistas de Alagoas: construir uma nova organização em 2015, uma federação que represente o acumulo de 12 anos de militância do CAZP e os 6 anos do COLIDE, a partir de suas trajetórias políticas, experiências e realidade. Da capital ao sertão e em conexão com o agreste alagoano, com a formação de um núcleo palmarino em Arapiraca, CAZP e COLIDE firmam um acordo de construção de um novo instrumento político que potencialize a intervenção dos anarquistas em solo alagoano. Um projeto que na verdade não começou agora, mas que foi ganhando a musculatura necessária para avaliarmos que pode e deve ser erguido, sem atropelos e desde as bases como ensina nossa tradição política.

Sem pirotecnia política e de modesta, mas decidida, força política, lutamos pelo desenvolvimento do protagonismo dos oprimidos, elemento de primeira ordem para a construção do Poder Popular e semente de um horizonte socialista e libertário. Com convicção ideológica, lutamos pela anarquia em terra palmarina, caeté e sertaneja.

FEDERALIZAR AS LUTAS, POTENCIALIZAR NOSSAS FORÇAS! RUMO À UMA FEDERAÇÃO ANARQUISTA-ESPECIFISTA ALAGOANA!

cazp-ok-22.jpg

Agosto de 2014

[CAB] Campanha da Coordenação Anarquista Brasileira – PROTESTO NÃO É CRIME

Em conjunto com o lançamento da campanha “PROTESTO NÃO É CRIME – CONTRA A CRIMINALIZAÇÃO DOS POBRES E DOS MOVIMENTOS SOCIAIS!“, a Coordenação Anarquista Brasileira (CAB) lança seu novo sitehttp://anarquismo.noblogs.org/

Visite!

protesto não é crime

 

Aproveitamos pra divulgar os sites e as páginas no faceebok das organizações que compõem hoje a CAB:

Federação Anarquista Gaúcha – FAG (RS)
http://www.federacaoanarquistagaucha.org/

https://www.facebook.com/FederacaoAnarquistaGaucha?fref=ts

Coletivo Anarquista Bandeira Negra (SC)
http://www.cabn.libertar.org/

https://www.facebook.com/bandeiranegra?fref=ts

Coletivo Anarquista Luta de Classe (PR)
https://anarquismopr.org/

https://www.facebook.com/anarquismopr?fref=ts

Organização Anarquista Socialismo Libertário – OASL (SP)
http://anarquismosp.org/

https://www.facebook.com/anarquismosp?fref=ts

Federação Anarquista do Rio de Janeiro (RJ)
http://anarquismorj.wordpress.com/

https://www.facebook.com/pages/Federa%C3%A7%C3%A3o-Anarquista-do-Rio-de-Janeiro/161858530670020?fref=ts

Rusga Libertária – Cuiabá/MT (MT)
http://rusgalibertaria.wordpress.com/

https://www.facebook.com/pages/Rusga-Libert%C3%A1ria-Cuiab%C3%A1MT/295624600568585

Coletivo Anarquista Zumbi dos Palmares (AL)
http://cazp.wordpress.com/

https://www.facebook.com/pages/Coletivo-Anarquista-Zumbi-dos-Palmares/280250265491197?fref=ts

Organização Resistência Libertária (CE)
http://www.resistencialibertaria.org/

https://www.facebook.com/resistencialibertaria?fref=ts

Núcleo Anarquista Resistência Cabana (PA)
http://resistenciacabana.noblogs.org/