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[CAB] Em caso de incêndio queime o latifúndio e o imperialismo: em defesa da Amazônia!

Publicado originalmente em: https://anarquismo.noblogs.org/?p=1143

No mês de agosto a sociedade brasileira e internacional foram surpreendidas pelo aumento em 50% do desmatamento e de 70% nas queimadas na Amazônia Legal. A Ministra da Agricultura do Governo Bolsonaro, Tereza Cristina, apelidada de musa do veneno, correu para justificar o fenômeno depositando de imediato a culpa nas condições climáticas da região. Rápido se elegeu o principal vilão, a própria natureza: o verão e o início do período seco na hiléia amazônica.

Porém, uma coisa chamou a atenção dos movimentos sociais e dos órgãos de fiscalização ambiental no último dia 10. Uma convocatória que circulou pelas redes sociais e foi publicada por um jornal do município de Novo Progresso, no Oeste do Pará, chamada de “Dia do Fogo”. Trata-se de uma campanha orquestrada pelo latifúndio no Pará e que rápido se espalhou por todo bioma amazônico. Em entrevista para a “Folha do Progresso”, o fazendeiro que mobilizava sem pudor para incendiar a floresta anunciava o objetivo “mostrar vontade de trabalhar ao presidente Bolsonaro”. “Precisamos mostrar para o presidente que queremos trabalhar e único jeito é derrubando. E para formar e limpar nossas pastagens, é com fogo”, iniciando o que o agronegócio chamou de “queimadaço”.

Os dados do Instituto Nacional de Pesquisas (Inpe) mostraram um incremento significativo nas queimadas nesse dia 10 de agosto e nos dias posteriores, principalmente nos municípios de Novo Progresso e Altamira, ambos cortados pela BR-163 e campeões de desmatamento na região amazônica. De acordo com o Inpe, Novo Progresso teve 124 registros de focos de incêndio no “dia do fogo”, um aumento em 300% em relação ao dia anterior. No dia seguinte foram 203 focos. Em Altamira, os satélites detectaram 194 focos de queimada em 10 de agosto e 237 no dia seguinte, um aumento impressionante de 743% nos focos de incêndio. Fica clara então a participação efetiva do chamado “setor produtivo” no crime ambiental e a participação do governo, que por suas políticas neoliberais de precarização dos serviços sociais, neutralizou e sufocou o IBAMA, o INPE e o ICMBIO, numa política de apoio a sanha destrutiva do regime econômico primário-exportador.

Contudo, não podemos isentar o Estado (em todas as esferas) na anuência de tais ações provocadas pelos agentes capitalistas na fronteira amazônica. Nós da Coordenação Anarquista Brasileira (CAB) denunciamos sistematicamente a ação seletiva e classista do estado brasileiro. Ao contrário do que comumente se apregoa o Estado não está ausente na região, ele só escolhe onde atuar e de que lado quem deve atuar. De 2012 para cá, todos os mecanismos conquistados de defesa da natureza e dos territórios dos povos tradicionais e camponeses foram alterados. Começou com o Código Florestal cujo relator pertence inclusive a esquerda eleitoreira e institucional, o senhor Aldo Rebelo (na época do PCdoB, hoje do Solidariedade) ainda no Governo Dilma (PT), se envolveu com a reforma  do Código de Mineração abrindo possibilidades de lavra, inclusive em territórios indígenas no Governo Temer (PMDB) e se concretiza com a política de desmonte total do controle ambiental através do Ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles no Governo Bolsonaro (PSL). Tais ações interditam qualquer mecanismo de demarcação e reconhecimento de territórios indígenas e quilombolas e paralisa completamente qualquer política de reforma agrária neste país.

Cabe afirmar que a oposição entre o governo da França e o do Brasil nessa questão expressam apenas divergências e disputas pontuais no interior da classe dominante e da burguesia, de como tratar a questão ambiental e o alinhamento geopolítico em nosso continente. De um lado, o governo reacionário, entreguista e baseado no agronegócio de Bolsonaro. De outro, uma burguesia industrial e financeira internacional, que com seu discurso neoliberal de “capitalismo verde” (apoiado pela Rede Globo aqui) busca apenas criar condições para privatizar a região Amazônica. Soma-se a isto, interesses geopolíticos europeus de consolidar zonas de influência diante essa intensa disputa comercial global, que tem na América Latina, alvo do imperialismo e seus sócios locais, seu quintal. Soa como um teatro de mau gosto, as declarações de defesa da soberania pela alta cúpula do exército brasileiro e pelos membros do governo de Bolsonaro, fingindo que agora, sentem-se ultrajados pelas bravatas internacionais. A única “soberania” que o governo entreguista de Bolsonaro e seus lacaios querem é poder dilapidar e queimar –literalmente – os recursos naturais de nosso território (como o petróleo) e entregá-los ao seu patrão, o governo dos EUA. A “soberania” de Bolsonaro serve apenas para escolher um imperialismo que lhe permita queimar, privatizar e cortar, enquanto destrói o direito dos trabalhadores do campo e da cidade. Não há saída para os povos do mundo e para a natureza no capitalismo verde e nem no projeto agrário-exportador brutal, representado por Bolsonaro.

A CAB se coloca frontalmente contra essas políticas perversas para nossos povos e reverbera as vozes da floresta como a do Povo Ka’apor no Maranhão que afirma que “floresta é nossa mãe. O território é nossa casa. Eles são nossa vida. Nós que defendemos!” Se coloca ombro a ombro com os seringueiros que desde de Chico Mendes desenvolveram a tática de luta do empate para barrar o avanço da pecuária sobre a floresta no Acre. Solidariza-se com o povo do Cajueiro, no Maranhão, que foram brutalmente despejados de seu território quilombola ancestral pelo Governo Flávio Dino (PCdoB) e sua sanha desenvolvimentista. Apoia palmo a palmo a autodemarcação construída com muita força pelo Povo Munduruku no Oeste do Pará. Navega junto aos ribeirinhos na sua luta contra as hidrovias no Furo do Rio Capim em Abaetetuba no Pará que só servem para atender os grandes produtores de grãos, especialmente da soja, oriunda do norte do Mato Grosso. Apoiamos e reforçamos que a única saída é a ação direta dos povos do campo, da floresta e da cidade, no enfrentamento contra o projeto ecocida e anti-povo do capital e do Estado. Por fim, tomando os ensinamentos do geógrafo anarquista Elisée Reclus, que dizia que a humanidade é a natureza tomando consciência de si mesma, então reivindicamos que essa mesma natureza é um sujeito de direitos e como tal deve ser respeitada e protegida. Os mecanismos para tal não sairá do G-7 com sua ajuda imperialista milionária. Só através da auto-organização dos Povos da Amazônia construindo e controlando seus territórios organizados em relações políticas e sociais horizontais e autônomas. Dessa forma conseguiremos barrar o avanço da destruição da região e não se submeter nem aos ruralistas, nem aos colonizadores oportunistas.

Viva os povos da floresta!

Fora Bolsonaro e seu latifúndio assassino!

Fora Macron e seu capitalismo verde!

Viva uma Amazônia livre das garras do Capitalismo e do Estado!

[CURITIBA] Anarquismo e a Luta dos Povos do Campo e Florestas

 

 

ANARQUISMO E A LUTA DOS POVOS DO CAMPO E FLORESTAS

O Coletivo Anarquista Luta de Classe e a Federação Anarquista Gaúcha – FAG convidam todos e todas para conhecer e debater sobre a presença do anarquismo nas lutas dos povos do campo e florestas.

Serão abordados episódios históricos de contribuição do anarquismo à organização e luta dos povos camponeses e indígenas, como a Revolução Mexicana, a Revolução Espanhola, a Revolução Russa e a Makhnovtchina, além de experiências do encontro entre anarquismo, organização comunitária e lutas indígenas na Bolívia e no Peru. Também serão discutidos os elementos da proposta de organização que o anarquismo traz em seu arsenal teórico-prático, para não deixar essa memória ser esquecida e apagada, trazendo para a atual conjuntura de ataques elementos de organização libertária nas lutas do passado e presente, destacando a importância do anarquismo como ferramenta de organização e luta nos dias de hoje!

QUANDO: 31 de agosto, sábado, às 17 horas
ONDE: APP Curitiba Norte- Avenida Marechal Floriano Peixoto 306, 8º andar, Centro.

[CAB] Luta Social #2 – julho/2017

Mais um número do Luta Social, publicação de circulação nacional da Coordenação Anarquista Brasileira (CAB) que traz nesse número um editorial sobre a Greve Geral, nota sobre as eleições da APEOESP, artigo histórico sobre os 100 anos da greve geral de 1917, informes sobre trabalho de base e texto sobre a brutal repressão que atinge os camponeses e trabalhadores rurais no Brasil.

Lutar! Criar Poder Popular!

Baixe clicando na imagem ou no link: Luta Social #2 – julho/2017


[CAB] Pela liberdade dos Agricultores presos no Açu! Contra a criminalização das lutas sociais!

Nesta terça-feira, 26 de julho, a polícia do estado servindo os interesses de empresários fizeram uma covarde e absurda prisão de dois agricultores, pai e filho, e um militante do MST/RJ, também militante da CAB. O fato ocorreu como um conluio da polícia militar e a empresa de segurança SUNSET, após a reintegração de posse do Acampamento Aluísio e Maura, no porto do Açu, 5o distrito do Açu, no norte do estado do Rio de Janeiro.

Repudiamos a criminalização contra os movimentos sociais e as famílias de agricultores que tiveram suas terras roubadas pela empresa Prumo, com apoio do estado. O acampamento resistia desde 19 de abril e, após 95 dias de existência, o juiz da Primeira Vara da Comarca de São João da Barra determinou a reintegração de posse. Há anos várias famílias da região, que a empresa não conseguiu expulsar, também mantinham a luta e resistência para permanecerem no local onde trabalham e construíram suas vidas. A luta do acampamento Aluísio e Maura defendia a função social daquelas terras que o capital arrancou brutalmente com ajuda de seus amigos governantes, como Sérgio Cabral, entre outros.

Está claro que governantes e instituições do estado estão a serviço de empresários como Eike Batista e seu megaempreendimento, em uma relação promíscua. O porto do Açu faz parte do maior mineroduto do mundo, o Projeto Minas Rio, cujo porto do Açu, da empresa Prumo, usurpou uma gigantesca área e cometeu uma série de crimes e danos ambientais; como a salinização da água da região, entre outros grandes impactos sócio ambientais.

Reforçamos o apoio ao MST e aos movimentos do campo e exigimos a liberdade dos três presos, criminalizados por lutarem neste contexto de retrocessos e ataques aos direitos sociais.

Contra a criminalização dos movimentos sociais!

Devolvam as terras do Açu Já!

Nenhum direito a menos!

Democracia Direta Já! Barrar as reformas nas ruas e construir o Poder Popular!

[CAB] Opinião Anarquista – Em defesa dos Povos Originários e das Comunidades Camponesas! Pelo direito à Terra e ao Território!

Para começo de conversa…

Massacres nos campos fazem parte de uma política de extermínio dos povos originários que passa também pela institucionalidade burguesa com o estabelecimento de seus padrões de ser, pensar e agir. A negação da identidade de povos originários através do discurso institucional da “pureza indígena ou quilombola”, veiculado amplamente pela mídia burguesa, traduz o objetivo principal: a negação da terra e do território para esses povos. Nesta linha de raciocínio, se não existem “indígenas ou quilombolas puros” não há porque garantir seus territórios. Lembramos que o reconhecimento indígena ou quilombola passa pela autodeterminação destes povos, cabendo a institucionalidade tão somente garantir a demarcação de suas terras e a aplicação de políticas públicas de qualidade e que atendam a especificidade da população indígena e quilombola.

Por outro lado, vemos a paralisia da reforma agrária para sem terras, camponeses e camponesas, que é agravada no governo PT/PMDB. Resultado do aprofundamento do neoliberalismo no campo, assistimos o sucateamento e consequente desmonte de órgãos importantes para essa política: é o caso do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) e do INCRA. Paralelamente, são tocadas medidas que aceleram a chamada municipalização da reforma agrária no Governo Temer. Consistindo basicamente na transferência de competência da reforma para as prefeituras. Temos, então, duas consequências para agricultura camponesa no Brasil.  Uma é os assentamentos se degladiarem pelos parcos recursos que as prefeituras têm para esse tipo de atividade, sem contar o uso político que estas provavelmente farão. E outra é o rompimento com a unidade nacional, grande trunfo de movimentos camponeses como o Movimento dos Trabalhadores e Trabalhadoras Sem Terra (MST) e Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), na luta pela reforma agrária. Já que agora os Acampamentos e Assentamentos vão reivindicar das prefeituras e não mais do Governo Federal.

Seja pelos povos originários ou pelos camponeses a realidade do campo brasileiro não está fácil e pelo que parece tende a ficar pior. Vejamos…

Demarcação das Terras e o reconhecimento do Território Indígena e Quilombola.

A demarcação de terras indígenas e quilombolas seguem sendo ameaçada pela Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 215/2000, que modifica o procedimento de demarcação destas terras trazido pela constituição federal e viola direitos adquiridos pelos povos originários.

Atualmente, depois de todo o procedimento administrativo, a demarcação da Terra Indígena deve ser homologada pelo executivo federal (Presidência da República). Com a PEC 215, esta competência é transferida para o Congresso Nacional. Isto significa que a demarcação das terras indígenas ficará nas mãos da bancada ruralista, latifundiários, senhores do agronegócio, os mesmos que promovem o extermínio de nossos povos no campo, os mesmos conservadores que veiculam o discurso de negação de identidade indígena e quilombola.

Além disso, a PEC amordaça os direitos dos povos originários quando define que o dia 5 de outubro de 1988, data em que a Constituição foi promulgada, como “marco temporal” para definir o que são as terras permanentemente ocupadas por indígenas. Isso quer dizer que as etnias que não ocupavam suas terras em 1988 não terão direito à demarcação. O que não leva em conta as etnias que foram expulsas e dispersas de suas terras por conta de conflitos fundiários e não conseguiram retornar (ou estão tentando retornar).

A PEC 215/2000 foi aprovada na comissão especial da demarcação das terras indígenas na Câmara dos Deputados, no ano passado, mesmo com protestos e pressão do movimento indígena, por 21 votos a zero. A votação é simbólica, pois são nessas “mãos” que a demarcação das terras dos povos originários ficará. Na prática, a aprovação da PEC paralisaria a demarcação ou a ampliação dos territórios, deixando o espaço livre – literalmente – para a exploração hidrelétrica, a mineração, a especulação imobiliária e o agronegócio.

É urgente nossa organização e luta contra a aprovação da PEC 215 e em defesa da demarcação de terra dos povos originários. Terra demarcada é vida garantida! O próximo passo é a votação no Plenário da Câmara, onde precisa ser aprovada por três quintos dos deputados, em dois turnos. Se aprovado, o texto segue para a votação em dois turnos no Senado. Propostas de Emenda à Constituição não passam pela presidência da república. Sabemos que apenas com a pressão e organização popular pode-se desfazer esta ameaça.

Com essas informações não queremos dizer que o cenário de demarcação anda bem. Pelo contrário, a vagarosidade em relação à demarcação de terras representa uma negação de existência aos povos originais, além de operar um aumento no número de conflitos no campo. No Ceará, um dos estados mais conservadores em relação à questão indígena tendo em vista que a história tradicional negou a presença indígena neste território, são 22 terras tradicionalmente ocupadas por indígenas, 14 etnias reconhecidas. E apenas um dos 14 povos reconhecidos está com o procedimento finalizado e dois com áreas demarcadas. E assim acontece em todo o território nacional: o não reconhecimento da etnia, a não demarcação de terras e a não proteção de direitos.

Este quadro se agrava com o desmantelamento e sucateamento de órgãos criados para auxiliar a demarcação de terras e a proteção de direitos indígenas e quilombolas. A exemplo do que acontece com a FUNAI e o INCRA que sofrem constantemente com o baixo número de servidores, a falta de concursos públicos para provimento de cargos, o autoritarismo interno e o corte de investimentos, gerando precarização do trabalho oferecido às políticas indigenistas e de serviços ao povo quilombola.

Com o atual governo do PMDB vivenciamos um processo acelerado de ataques contra os direitos indígenas e dos povos originais em favor dos interesses do capital nacional e internacional, de ruralistas e latifundiários. Mas é importante lembrarmos que o cenário também é fruto das políticas de direita do governo do PT, que apoiou e foi conivente com a lógica do agronegócio. Seja estimulando uma cultura empresarial e pragmática para a construção de uma classe média do campo, seja desmontando as políticas de manutenção da agricultura camponesa e estagnando a demarcação de terras indígenas e quilombolas. Ou ainda, com a política neodesenvolvimentista e de rolo compressor com mega obras e empreendimentos, degradando ambientes, passando por cima de comunidades e expulsando muitos povos de seus territórios, como o exemplo da usina hidrelétrica de Belo Monte. Em ambos os governos, PT e PMDB, a violência do Estado se fez, e se faz, presente contra os povos indígenas e quilombolas.

Políticas Públicas Indigenistas

A saúde indígena atualmente é gerida pelos Distritos Sanitários Especiais Indígenas, que são de responsabilidade da Secretaria Especial de Saúde Indígena (SESAI). Teoricamente,  estes distritos deveriam ser delimitados por critérios que atendessem à especificidade indígena de cada local. No entanto, o que acontece, pela falta de planejamento e da negação identitária, é a disponibilização de políticas públicas de saúde de um único formato, tanto para terras indígenas que se localizam em lugares úmidos quanto para secos. Isso gera um atendimento de péssima qualidade, quando há, pois nem todas as terras indígenas têm Distritos Sanitários! O controle deveria ser feito pelos Conselhos Indígenas de Saúde com participação direta dos indígenas. No plano da Assistência Social deveriam ser implantados CRAS (Centros de Referência de Assistência Social) em terras indígenas de acordo com suas cosmologias. No entanto, o que se percebe é o sucateamento e a precarização destes órgãos, enquanto chovem notícias de desvio de verba e corrupção por parte de gestores alheios à luta indígena. Assim, a relação entre os povos indígenas e esses gestores é tensa, principalmente devido à gestão e à aplicação de recursos.

Em relação à educação indígena, também vivemos uma difícil implantação, devido à falta de vontade política, pois a classe dominante não aceita a existência indígena, de suas terras e que suas tradições devam ser respeitadas. Na realidade, vemos um processo de violência cultural, ou o que chamam de “política de integração indígena”, forçando-os à convivência com não-indígenas, negando as escolas e a educação, modos, ritmos de vida indígena, assim como a língua materna e seus rituais. Tais políticas acenam claramente para a intensificação do genocídio e etnocídio instaurados desde a chegada do colonizador.

E a luta pela terra da agricultura familiar e camponesa…

Vemos a completa paralisia da reforma agrária no país. A luta pela terra continua, porém o Governo Temer é surdo para os movimentos sociais no campo. A redistribuição das terras e a instalação dos territórios da reforma agrária vêm sofrendo uma nova ofensiva. No lugar de uma política de reforma agrária ampla, pública, participativa e radical vemos a tentativa do Governo de privatizar o acesso à terra e transferir a distribuição dos títulos de domínio de terra do INCRA para as prefeituras. Esse é o novo conteúdo da política fundiária lançada no dia 22 de outubro.

No que se refere aos assentamentos já instalados, os agricultores sofrem com terras que foram impactadas pelas monoculturas ou pastos, encontram e têm que lidar com um solo compactado decorrente do uso de maquinário pesado e do pisoteamento de gado, com falta de nutrientes, e contaminado pelo uso de venenos e agroquímicos durante muito tempo. Tudo isso faz demorar ainda mais o processo de recuperação ambiental para que possam produzir alimentos saudáveis e conseguir acesso a uma renda digna. Por isso é importante um órgão que preste os serviços necessários para que eles possam ter as condições de trabalho e permanência na terra a longo prazo, como assistência técnica e extensão rural, tão importantes quanto as políticas voltadas para a comercialização, transporte e escoamentos de alimentos.

Mas hoje, o principal órgão que ajudaria no cumprimento destas demandas, o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), vem sofrendo um processo de precarização e desmonte. Um órgão que foi fruto de muita luta e organização dos movimentos sociais do campo, que desde 2000 cumpria um papel importante na implementação das (poucas) políticas públicas para a agricultura familiar e camponesa, mas que também privilegiava mais o agronegócio do que os povos indígenas, quilombolas, pequenos e pequenas agricultoras e sem terras. E que no governo Temer deixa de ser ministério e vira Secretaria Especial da Agricultura Familiar e do Desenvolvimento Agrário. Esta segue sob o braço do Ministério da Casa Civil, comandado hoje por Eliseu Padilha (PMDB-RS), ministério mais próximo do Presidente da República. Padilha e Temer (PMDB), alinhados à bancada ruralista, farão o que for necessário para defender o agronegócio brasileiro, o maior inimigo dos povos do campo, da floresta e mares e para acabar com as políticas públicas como, PRONAF, PAA, PNAE, PLANAPO etc.

E enquanto a agricultura familiar e camponesa produz cerca de 70% da nossa alimentação do dia a dia, o agronegócio tem sua produção voltada para poucas culturas, como a soja, o pinus, a cana-de-açúcar, o café e o dendê, sem falar da pecuária, tudo isso para liderar as exportações na balança comercial brasileira. No primeiro semestre de 2016, o agronegócio teve superávit, com as exportações de apenas cinco produtos, ultrapassando as importações em US$ 38,91 bilhões. Estes produtos são: o complexo da soja, carnes, produtos florestais, setor sucroalcooleiro e cereais, farinhas e preparações. Segundo o governo, foi o melhor resultado do agronegócio brasileiro, desde a série histórica iniciada em 1997 . Segundo o IBGE, na Safra de 2016, que correspondeu a 57,6 milhões de hectares de terras plantadas, o arroz, milho e soja constituem cerca de 87,5% dessa área, ou seja, são em torno de 50 milhões de hectares para produzir apenas três produtos que serão em sua maioria exportados! O capital derruba a floresta nativa, expulsa os povos originários e camponeses destas terras para produzir commodities, mercadorias para a exportação e assim fazer o Brasil reproduzir ainda mais o papel que sempre cumpriu no cenário político-econômico internacional, o de explorar e oprimir o seu próprio povo em defesa dos interesses das grandes potências econômicas imperialistas. Ou mesmo praticar o sub imperialismo com monoculturas de soja e algodão no continente africano.

A CAB se posicionando no/na front-eira: necessidade de união entre a luta pela terra e a luta pelo território

A Coordenação Anarquista Brasileira (CAB) afirma seu compromisso ombro a ombro com a luta e a organização dos povos originários e camponeses em defesa de seus territórios, de suas tradições e de políticas públicas que garantam um desenvolvimento de vida saudável. Reiteramos que do Estado, através de seus poderes (executivo, legislativo e judiciário), só podemos esperar violências e opressões, que aliadas à exploração capitalista, amordaçam nossas vidas. Assim, seguiremos firmes em nossas lutas sempre tendo em vista a construção de uma sociedade mais justa e de espaços de poder popular desde baixo e à esquerda. Para isso é fundamental a construção de organismos de luta social e movimentos que atuem com base na autonomia e na democracia direta, onde os sujeitos tenham protagonismo na escolha e condução das pautas e nas tomadas de decisão. Com luta e organização popular na busca de um mundo onde caibam muitos mundos, como diriam nossos/as companheiros/as zapatistas!

Contra a PEC 215! Em defesa dos povos originários!

Terra demarcada, vida garantida!

Pelo direito ao Território Autônomo e Horizontal!

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Saudações do CALC/CAB aos 60 anos da Federação Anarquista Uruguaia (fAu)

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“Hay un solo caminho, hay una sola manera de vivir, sin vergüenza: peleando, ayudando a que la rebeldia se extienda por todos lados, ayudando a que se junten el perseguido y el hombre sin trabajo, ayudando a que el “sedicioso” y el obrero explotado se reconozcan como compañeros, aprendan luchando, que tienen por delante un mismo enemigo…”

Alberto “Pocho” Mechoso 

O Coletivo Anarquista Luta de Classe (CALC), organização integrante da Coordenação Anarquista Brasileira (CAB), saúda a comemoração dos 60 anos da Federação Anarquista Uruguaia (fAu)! A fAu cumpriu e cumpre papel determinante na formação do CALC, assim como na criação e desenvolvimento das várias organizações anarquistas especifistas que hoje compõe a CAB, no Brasil.

O CALC se organiza publicamente no estado do Paraná, Região Sul do Brasil, desde o ano de 2010. Com a influência das organizações que na época construíam o Fórum do Anarquismo Organizado (FAO), que em 2012 deu espaço para a fundação da CAB, e com a influência da Federação Anarquista Uruguaia, pudemos fundar uma organização anarquista especifista neste local de muita tradição de luta social.

Estamos envolvidos em vários movimentos e lutas sociais desde nossa fundação, contando muito com o desenvolvimento ideológico, teórico e estratégico que a fAu construiu nos últimos 60 anos. Sem toda a produção teórica e o desenvolvimento organizacional elaborado desde os anos 50 no Uruguai, não seria possível que nossa organização estivesse aqui hoje.

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Modestamente, o anarquismo organizado volta a estar presente nas lutas de nosso tempo nestas terras paranaenses. Nos últimos anos, com esforço, trabalho e inserção social, estamos humildemente em bairros, comunidades, sindicatos, escolas, hospitais, universidades, na cidade, campo e floresta. Lutando desde baixo e à esquerda, marcados sempre pelo exemplo da fAu, estivemos em algumas das marcantes lutas recentes no Brasil, hasteando nossas bandeiras rubro-negras: Jornadas de Junho de 2013; luta contra a privatização (EBSERH) do maior hospital público do Paraná; lutas contra o corte de direitos no funcionalismo público e Massacre de 29 de Abril de 2015; e atualmente no processo de mais de 800 ocupações de escolas no estado.

A atual mobilização da classe oprimida, especialmente dos estudantes secundaristas, contra reforma do Ensino Médio e ataques à educação e saúde pública marcam todo o Brasil, e desde o Paraná, seguimos firmes na luta por nossos direitos e vidas dignas!

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Para além das lutas sociais, também modestamente, fazemos um esforço para disseminarmos nossa ideologia, a partir da propaganda anarquista. A mais de 10 anos temos vendido livros anarquistas neste local e, desde 2015, lançamos a Livraria Anarquista Alberto “Pocho” Mechoso em homenagem ao grande militante da Federação Anarquista Uruguaia!

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Saudamos os 60 anos da fAu e agradecemos esta organização por tudo o que construiu e contribuiu para o desenvolvimento do anarquismo especifista e da luta popular. Em memória de todas as companheiras e companheiros que tombaram na luta pelo socialismo e liberdade! Viva a luta dos/das de baixo por um mundo justo e igual!

Viva a Federação Anarquista Uruguaia!

Viva o Anarquismo Especifista!

Viva a Luta dos/das De Baixo!

Arriba lxs que luchán!

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[FARJ] Libera #166

Retirado de: https://anarquismorj.wordpress.com/2015/12/19/libera-166/

O ano acabou? Para a luta e o anarquismo não! Saiu o último número do ano do nosso jornal, o Libera, de número 166. Firme e forte na divulgação de um programa anarquista para as lutas e na propaganda da nossa ideologia nas luta de classes! Nesta edição, o editorial traz uma análise sobre o  “Avanço conservador e o papel do Estado”. Também há um relato e análise do congresso nacional do MPA e a necessidade de construir uma intervenção independente e autônoma nos movimentos camponeses. Temos também um texto teórico sobre a contribuição de Bakunin ao debate da organização política anarquista. do militante anarquista e um relato sobre a luta de base nos Correios.  O Libera também conta com o famoso Bar-Restaurante Lixo da História que ganhou dois novos integrantes e relatos de atividades que nossa organização se envolveu.

Recomendamos também que leiam a análise da CAB, lançada após a impressão do Libera sobre a polarização governismo x impeachment em seu site.

Você pode conseguir o Libera fisicamente com nossos militantes e apoiadores e na Biblioteca Social Fábio Luz. Caso deseje receber um número grande para distribuir, entre em contato conosco.
O Libera #166 pode ser baixado clicando na figura abaixo ou aqui.

Errata: Onde se lê no editorial na página 2 “Mas ele nuca (sic) foi” ler “Mas ele não é”.

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No Batente #5 – Retomada do Anarquismo Organizado no Paraná

Este é o quinto número do jornal No Batente, órgão de informação e análise do Coletivo Anarquista Luta de Classe (CALC). Ficamos felizes por mais uma edição poder chegar aos companheiros e companheiras de luta!

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Meia década de construção do Anarquismo Especifista no Paraná
Neste mês de outubro de 2015, o Coletivo Anarquista Luta de Classe completa 5 anos de existência pública. No dia 31 de outubro de 2010, o CALC lançou sua carta de apresentação e desde lá continua firme em defesa da organização, ação direta e autogestão da classe oprimida. Uma organização política anarquista que nasceu na cidade de Curitiba e que vai expandindo sua influência para outras regiões do Paraná, buscando ser um espaço para articular anarquistas especifistas e inseri-los de forma organizada nas lutas que são construídas neste estado.

Leia o no BATENTE #5 clicando no link – NO BATENTE – ou na imagem acima.

[FARJ] Libera #165

Retirado de:  https://anarquismorj.wordpress.com/2015/09/09/libera-165/

Está disponível o mais recente número do Libera, de número 165. Nesta edição, o editorial traz um texto recentemente publicado em nosso endereço eletrônico com o título “O que restou de Junho – Uma reflexão sobre o pós-2013“. Além disso, há trechos de “Entre Camponeses” do militante anarquista italiano Errico Malatesta, XII Congresso da organização francesa Alternative Libertaire, Solidariedade à Sâmia Bonfim, duas traduções de textos da organização anarquista dos Estados Unidos Black Rose Anarchist Federation sobre a Revolução em curso em Rojava e o ataque do Estado Islâmico à militantes que estão lá, relato de atividade sobre o caso do Rafael Braga, palestra sobre a situação curda realizada em Campos, além de poesia e outras coisas.

Você pode conseguir o Libera fisicamente com nossos militantes e apoiadores e na Biblioteca Social Fábio Luz. Caso deseje receber um número grande para distribuir, entre em contato conosco.

O Libera #164 pode ser baixado clicando na figura abaixo ou aqui.

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[FARJ] O que sobrou de junho? Uma reflexão sobre o “pós-2013”

Retirado de:  https://anarquismorj.wordpress.com/2015/08/22/reflexao-pos-2013/

Candelária, Avenida Rio Branco, Avenida Presidente Vargas, Cinelândia, Avenida Primeiro de Março… O preço da passagem, o aluguel, a alimentação, o custo de vida aumenta para a classe trabalhadora. A política de segurança no Rio de Janeiro, com as Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs), mata jovens negros trabalhadores e oprime o povo que mora nas favelas. A milícia cresce com a “vista grossa” do poder público. Greves pipocam e são reprimidas pelas forças de segurança, ou são freadas pela burocracia sindical e patrões. A Copa do Mundo de 2014 se aproxima apresentando um Brasil que não existe e é vitrine da propaganda das elites. O Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), a Iniciativa para a Integração da Infraestrutura Regional Sul-Americana (ou plano IIRSA) motivam grandes obras que beneficiam empreiteiros enquanto povos e comunidades são violentamente despejados. Camponeses, indígenas e quilombolas perdem espaço com o avanço do agronegócio, direitos são retirados por um legislativo conservador, que ataca os LGBTT’s. Os alimentos transgênicos são liberados, assim como a barragem de Belo Monte e a Transposição do São Francisco.

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A população, que parecia amortecida pela máquina de propaganda midiática começa a se movimentar e apresentar sua insatisfação com a situação social. Centenas de milhares de pessoas ocupam as ruas, os punhos se elevam até mais de um milhão (com a direita disputando os atos), e os gritos abalam a sociedade brasileira de uma maneira que nunca teríamos pensado. O povo de outras cidades também se mobiliza e o movimento ganha o país.

Há exatos dois anos atrás o Movimento Passe Livre (MPL) iniciava sua vitoriosa jornada de lutas, que terminou com a derrubada do aumento das passagens. Vitória essa que é patrimônio das e dos de baixo, vitória que foi arrancada ao preço de muito gás lacrimogêneo, balas de borracha e luta nas ruas. Junho de 2013 significou não só que o povo ainda está disposto a lutar com unhas e dentes, mas que este é o único caminho possível para a conquista e a defesa de direitos, e para transformar a realidade a partir das demandas populares em direção ao socialismo libertário.

Mas se olharmos para hoje, depois desses dois anos, a conjuntura mudou. O que era esperança, virou decepção. A direita “tradicional” entendeu que o PT, essa direita envergonhada já não tem condição de controlar e domesticar totalmente a raiva das ruas. O avanço das forças conservadoras, os ataques aos direitos dos trabalhadores, o assanhamento da extrema-direita, mostram que os tempos são nebulosos. O governo PT/PMDB continua garantindo o lucro para o capital empresarial e financeiro (nacional e internacional). Não há e nunca houve possibilidade de disputa desse governo, bancado como qualquer outro pelos grandes empresários, empreiteiras, latifúndios e pelo capital financeiro. Governo que pôs o exército nas favelas e prosseguiu com a política de genocídio da população negra e pobre. Governo que beneficia o agronegócio, realiza o menor número de assentamentos na história da reforma agrária no país e impõe um ajuste fiscal de corte neoliberal que faz com que as/os mais pobres paguem a conta da crise internacional. Governo que bem alinhado à classe dominante (vingando-se de 2013) propõe a PL 2.016, que sob a desculpa de combater o “terrorismo” atacará os movimentos populares, organizações políticas e qualquer rebelde que questione o sistema capitalista. O PT portanto, é parte dessa onda conservadora. Um governo que preparou o terreno para a direita mais tacanha avançar com pautas conservadoras, como a da redução da maioridade penal e a tentativa de excluir o debate de gênero da educação. Dentro ou fora do governo, a direita faz sua festa e o povo é convidado a assistir.

Abaixo e à Esquerda: reconstruir o campo independente das/os de baixo

Somos chamados a refletir sobre a conjuntura e a necessidade da organização. Por mais que os momentos da revolta sejam importantes não são suficientes por si só para mudar a correlação de forças da sociedade capitalista. A ilusão de que tudo mudaria tomando o Estado e elegendo um partido “dos trabalhadores” escorre como água das mãos de seus defensores. 2013 também mostrou que a classe dominante não vai entregar nada de bandeja para as oprimidas e oprimidos, e sem resistência. E que as revoltas pontuais se perdem diante da repressão e da organização da classe dominante quando não canalizam e acumulam para uma estratégia coerente. Parte da esquerda tenta seguir o caminho derrotado do PT, reeditando a tentativa fracassada de eleger “deputados combativos” que logo se tornam burocratas desavergonhados e que vão dar a linha nos movimentos e partidos ditos revolucionários.

Velhos e novos gerentes do capitalismo.

A espontaneidade da luta também dá lugar à frustração e à decepção quando não acumula para movimentos populares e organismos de base sindical independentes, classistas e anticapitalistas. Quantos revolucionários/as de junho não se decepcionaram com o refluxo do ano que se seguiu? Com muita modéstia sabemos que o campo anticapitalista e autônomo ainda tem muito que avançar para influenciar e gerar força social. O momento é de trabalhar para uma reconstrução urgente do campo combativo dos movimentos populares e sindicatos. Isso não será feito de um dia para o outro mas deve ser construído desde já. O que propomos, sabendo que essa não é só uma tarefa nossa mas de todo o campo anticapitalista, é a construção permanente de movimentos populares bem organizados, independentes e com um projeto bem definido de luta (no campo sindical, comunitário, camponês, estudantil e outros) que supere o governismo pelo método e pela prática. Defendemos o federalismo como metodologia para garantir a autonomia e a democracia direta na luta dos organismos populares.

Para isso é necessário trabalhar para superarmos a fragmentação das lutas que o capitalismo nos impõe cotidianamente, pois nenhum/a militante ou experiência de poder popular é capaz de resistir isolada e sem apontar para um horizonte estratégico e coletivo. “Cada um fazendo o seu”, mesmo com boas intenções, é tudo o que poderosos querem para nos explorar e esmagar com mais força. Quaisquer experiências, por mais importantes que sejam, se não confluem para um projeto coletivo, autogestionário e federalista, perdem-se no pragmatismo e no imediatismo do cotidiano.

É preciso abandonar a crença de que o Estado pode ser disputado e que a opção das eleições pode andar junto da opção da luta popular. A única disputa em curso é a disputa interna entre os velhos e novos gerentes do capitalismo. O campo anticapitalista deve ajudar os movimentos a romper com o governismo e propor uma pauta própria e independente. É a rebeldia popular, trancando ruas, ocupando terras e prédios e se organizando com um trabalho de base constante e permanente (nas escolas, fábricas e nos bairros/favelas e no campo) que faz a classe dominante tremer, apontando para o poder popular (autogoverno). E isso só pode ser feito com movimentos populares organizados e com o horizonte de independência e luta. Não vamos fechar fileiras com a velha direita e os raivosos reacionários que marcham apenas para trocar os opressores de lugar. Tampouco vamos defender um governo que desarmou a classe trabalhadora e dela só se alimenta para gerir o modelo de dominação. Nossa saída é a das lutas populares no campo e na cidade. São essas lutas que disputam um projeto de transformação radical de sociedade e que combatem os velhos conservadores e o governismo.

Organizar e lutar com as/os de baixo. Muralismo na cidade do Rio de Janeiro.

Não há tempo certo nem errado para se construir movimentos populares. A organização não vai cair do céu nem vem com quem lança mais comunicados “radicais”, sem base na realidade concreta. A realidade que desejamos é construída com a vontade permanente das/os de baixo em iniciativas de organização e luta. É dever das/os anarquistas trabalhar como combustível na organização do povo superando o espontaneísmo, o ativismo sem estratégia e a burocracia nos espaços sindicais e populares. Convidamos as/os anarquistas e militantes populares à participar estrategicamente dessa etapa de resistência. Para isso serve o anarquismo, a FARJ e a CAB como ferramentas de organização e luta do povo.

 

Construir federalismo popular / libertário!

Povo na rua pra resistir e lutar,

Povo que avança para o Poder Popular!

Viva a luta popular no campo e na cidade!