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[FARJ] A Greve Geral como Ferramenta de Luta da Classe Trabalhadora Ontem e Hoje

Retirado de: https://anarquismorj.wordpress.com/2017/04/27/a-greve-geral-como-ferramenta-de-luta-da-classe-trabalhadora-ontem-e-hoje/

O ano de 2017 simbólico para a memória os trabalhadores brasileiros, pois comemoramos 100 anos da nossa primeira grande greve geral. Ao mesmo tempo, vivemos um momento político duríssimo para a classe trabalhadora, com o atual governo atacando os direitos mais básicos, que foram conquistados com décadas de luta e resistência. Desmantelam os direitos trabalhistas, destroem a previdência, regularizam a terceirização e vendem nossas riquezas, privatizando diversas empresas.

É nesse contexto que as grandes centrais sindicais propõem uma “greve geral” para o dia 28 de abril. Refletindo sobre a trajetória de luta do movimento operário, nos perguntamos: a proposta dessas centrais é realmente construir uma Greve Geral? A paralisação do dia 28 será suficiente para enfrentar todo o retrocesso imposto pelo atual governo e pelas grandes empresas? Qual a nossa concepção de greve geral?

Greve Geral de 1917: análise do passado e reflexão sobre o presente

A experiência da grande greve geral de 1917 marcou a história da classe trabalhadora e do anarquismo no Brasil. Construída a partir do acúmulo de anos de mobilização e organização do movimento operário, desde a grande greve de 1903, passando pelo 1º Congresso Operário Brasileiro de 1906 e o 2º Congresso em 1913, foi a grande greve de 1917 que marcou a memória das lutadoras e lutadores.

Naquele período, grandes greves aconteciam em diferentes partes do mundo, protagonizadas em esmagadora maioria pelo sindicalismo revolucionário e o anarco-sindicalismo, ambos com participação determinante dos/as anarquistas. Tanto o sindicalismo revolucionário quanto o anarco-sindicalismo eram estratégias da ideologia anarquista para o movimento de massas. No caso do sindicalismo revolucionário brasileiro, este defendia a neutralidade sindical, o que não significava ficar alheio ao que se passava no país e no mundo, mas sim, não tornar os sindicatos um palanque ou parlamento eleitoral. Se organizavam de maneira federalista, o que hoje chamaríamos de tomar decisões “pela base”, respeitando as instâncias e assembleias de base dos trabalhadores e construindo as decisões, sempre de baixo para cima, sem burocracia sindical. Defendiam a solidariedade de classe entre os trabalhadores e a greve geral, entendendo a organização e articulação entre as categorias como um pré-requisito para um movimento grevista não ser derrotado pelo seu isolamento. Adotavam a sabotagem e o boicote contra patrões e fura-greves, e batalharam para construir uma cultura operária libertária e rebelde, mediante centros culturais, bibliotecas populares, festivais, peças teatrais e jornais. Esse componente cultural servia para formar e atrair mais trabalhadores para a discussão dos seus problemas.

No Brasil, o sindicalismo revolucionário era a estratégia sindical mais forte nos sindicatos e também a mais defendida pelo anarquismo. Em 1906, esta corrente foi hegemônica na fundação da primeira central sindical do país, a Confederação Operária Brasileira (COB). Desde o início do ano de 1917, os sindicalistas revolucionários e anarquistas da então Capital Federal, organizados na Federação Operária do Rio de Janeiro (FORJ), se mobilizavam contra os altos preços dos alimentos (“carestia de vida”), situação que se agravava devido à 1ª Guerra Mundial.
Em junho de 1917, uma greve no setor têxtil em São Paulo se expandiu para outras categorias, havendo inclusive a formação de um um Comitê de Defesa Proletária. O crescimento do movimento grevista provocou combates entre operários e policiais, causando a morte do jovem sapateiro anarquista José Martinez no dia 9 de julho, que serviu de estopim para o início da greve geral. Três dias depois, dezenas de milhares de trabalhadores/as aderiram à greve, armazéns foram saqueados e barricadas montadas nas ruas dos bairros operários.

O movimento, apesar da forte repressão policial, obteve algumas conquistas, tais como aumento de salário em 20%, a não-demissão dos grevistas, libertação dos presos durante a greve, fiscalização do trabalho infantil e a defesa dos direitos das mulheres nas fábricas, que sofriam diversas violências pelos contra-mestres e patrões.

Em agosto de 1917 estourou no Rio de Janeiro uma greve têxtil com forte protagonismo das mulheres, que se tornou uma insurreição quando soldados do Exército passaram para o lado dos grevistas e enfrentaram a polícia, resultando em um civil e dois soldados rebeldes mortos.

A Revolução Russa, que contou com forte participação anarquista nos seus primeiros anos, animava os grevistas brasileiros a lutarem por seus direitos e, em 1918, trabalhadores e trabalhadoras acirrariam a luta pela conquista das oito horas de trabalho. Em Niterói/RJ, uma greve que começou na Companhia Cantareira e da Viação Fluminense, acabou com protesto e combates de rua, com relatos de algumas deserções nas fileiras militares que foram reprimir os trabalhadores. Os trabalhadores também formaram um comite revolucionário clandestino em 18 de novembro de 1918 para organizar a greve e a insurreição. As fábricas de tecido do Rio de Janeiro, Niterói, Petrópolis e Magé paralisaram suas atividades, havendo enfrentamentos entre manifestantes e policiais. A delegacia policial de São Cristóvão foi ocupada e duas torres da Light explodidas. Longe de ser uma insurreição descolada das massas, esse evento foi realizado com a organização e a luta de aproximadamente 100 mil grevistas.

Esse contexto de avanço das lutas sindicais se estenderia até 1924, contando com diversas greves gerais e setoriais, além de grandes manifestações de rua. É nesse cenário que diversos direitos trabalhistas foram conquistados. Em 1919, grande parte das categorias de trabalhadores alcançam as oito horas de trabalho, pauta histórica do movimento operário em todo o mundo. Nesse mesmo ano, foi aprovado o Código Sanitário, que além de garantir condições mínimas de trabalho para todos, proibiu o trabalho infantil para menores de 14 anos e o trabalho feminino noturno. Essa lei também previu a primeira licença maternidade do país: 30 dias de folga para as trabalhadoras antes e depois do parto. Todas essas conquistas foram, evidentemente, pautas do movimento operário desde as greves de 1917.

A repressão estatal nessas primeiras décadas do século XX produziu milhares de presos, centenas de deportados e dezenas de mortos, a maioria destes anarquistas. Apesar de golpeada pelo governo da época a mando dos patrões, a grande greve geral de 1917 deixou importantes lições para a classe trabalhadora brasileira: apenas a luta garante direitos.

A luta pela defesa de nossos direitos hoje

Vivemos em um momento emblemático para a luta da classe trabalhadora. O atual governo nos golpeia a cada momento com um novo ataque aos nossos direitos. Diante deste cenário nefasto, urge a necessidade de mobilização e organização dos trabalhadores e trabalhadoras para enfrentar esse retrocesso.

Há tempos os setores de esquerda clamam pela necessidade de uma Greve Geral, que seja capaz de reunir os diversos setores da classe trabalhadora e concentrar uma força social capaz de pressionar o governo e os patrões. Depois de tanto silêncio e indiferença, as direções das maiores centrais sindicais do país reuniram-se e lançaram a proposta de uma suposta “greve geral” para o dia 28 de abril.

Em primeiro lugar, apoiamos e defendemos a necessidade de uma greve geral e de protestos que façam a classe dominante recuar em seus ataques.

Em segundo lugar, achamos que esta proposta não representa bem uma Greve Geral. Podemos chamá-la por seu nome: paralisação. Em terceiro lugar, entendemos que tal paralisação é completamente insuficiente para enfrentar os desafios que se colocam à nossa frente. Um dia de paralisação não é capaz de parar a produção do país nem de acumular força social para construir a necessária resistência. Além disso, o fato mais indigesto – mas não surpreendente – é a tentativa de transformar a paralisação em grandes showmícios, despolitizando completamente o evento e tornando nossa ação inofensiva às classes dominantes.

Dessa forma, as burocracias sindicais pisam na luta dos trabalhadores e cospem em sua memória de luta, esvaziando o significado de suas ferramentas de resistência e desmobilizando qualquer possibilidade de enfrentamento. A irresponsabilidade desses atos é ainda mais profunda quando temos em mente o peso que esse retrocesso significará para todos os trabalhadores.

No entanto, como dissemos, esses fatos não nos surpreendem. Não é de hoje que as centrais sindicais burocratizadas cumprem esse papel nefasto. Inclusive, não temos motivos para duvidar das recentes delações, feitas por grandes empresários, que acusam os dirigentes de grandes centrais sindicais de receberem dinheiro para encerrar greves e desmobilizar os trabalhadores (CUT, Força Sindical etc). Na prática, sabemos que esse é o principal papel histórico do sindicalismo reformista: amaciar a luta de clases e instalar gestores sindicais que serão os políticos e os burocrata do sistema de dominação de amanhã.

A saída é por baixo e pela esquerda

Olhando para a história do movimento operário no Brasil, aprendemos que o avanço das lutas dos trabalhadores, a massificação dos movimentos e a construção de uma Greve Geral não é algo que ocorre da noite para o dia: é fruto de muito trabalho de base, de mobilização e organização da classe trabalhadora. A questão é que as burocracias sindicais, velhas conhecidas dos patrões e governos, não parecem ter qualquer interesse em realizar essa construção e querem construir uma base social para garantir as eleições de 2018 e de seu “messias” Luis Inácio Lula da Silva.

Resta aos setores autônomos, às oposições de esquerda anti-capitalista e organizações revolucionárias que não possuem rabo preso com o patronato, com governos ou com as próximas eleições, trabalharem para massificar as lutas. E isso significa abandonar a cultura ativista do “fazer o que aparece” ou “quando dá”. Abandonar a cultura política de apenas “ir nos atos”, mas encarar um protesto e uma greve como resultado de um trabalho anterior que é feito todos os dias. Sabemos que como força política minoritária, o anarquismo – e de maneira mais ampla a esquerda anticapitalista não-eleitoral – para se apresentar como alternativa deve conseguir acumular força social à partir das lutas do presente. Por isso, nós da FARJ modestamente defendemos a construção cotidiana de movimentos populares/estudantis/sindicais (do campo e da cidade). É a partir da base, que os trabalhadores podem defender seus direitos e lutar pelos seus interesses. É na atuação nos bairros/favelas/ocupações, nos sindicatos, universidades e escolas do campo e da cidade que construímos força social para começar a mudar essa realidade e caminhamos em direção ao poder popular.

Ir às ruas contra o golpe nos direitos!
Só a luta popular decide!
Organizar o povo, ocupar as ruas! Ação direta que derruba o Capital!

[MOB-PR] LUZ É UM DIREITO! Manifestação na COPEL Santa Quitéria 13/08/2015

Retirado de: https://organizacaodebase.wordpress.com/2015/08/14/parana-luz-e-um-direito-manifestacao-na-copel-santa-quiteria-13082015/

Ontem, no dia 13 de agosto de 2015, dezenas de moradores e moradoras da Portelinha e militantes do MOB de outros bairros fizeram uma manifestação em frente à COPEL – Santa Quitéria, reivindicando a regularização da energia elétrica na comunidade.

Após anos de luta pela regularização do terreno, água e luz, o Ministério Público do Paraná deu o aval para que a COPEL regularizasse a energia elétrica nas residências da Portelinha. Mas, mesmo com a autorização em duas publicações, a COPEL se negou a regularizar a luz.

Sabemos que só com o povo se organizando pela base, se manifestando por seus direitos, que conseguiremos conquistar nossos objetivos. Trancamos as entradas da COPEL durante algumas horas até sermos atendidos pelos representantes da companhia. Com as palavras de ordem “A nossa luta é todo dia, queremos água, luz e moradia!” e “COPEL, ouça meu grito, rede elétrica não é só para os ricos!” fizemos com que nossas exigências fossem atendidas e agora só nos resta acertar alguns detalhes com a Prefeitura Municipal de Curitiba e a COHAB para que a energia elétrica seja regularizada!

Se a Prefeitura e a COHAB não corresponderem com nossas exigências, vai ter mais protesto!

Ao final do protesto, a Polícia Militar mais uma vez tentou desmobilizar a manifestação, porém continuamos firmes! Protestar não é Crime!

E a luta continua! A regularização da água e do terreno ainda não saíram e este ano ainda vai ter muita luta para garantirmos nossos direitos!

Só com a união do povo vamos conseguir conquistar nossos direitos!
Eduardo Presente! Presente! Presente!

Luz é um direito e não mercadoria!
Lutar! Criar Poder Popular!
Protestar não é Crime!

 

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[CAB] Unionism and Direct Action (em inglês)

Retirado de: http://www.anarkismo.net/article/27377

In the first half of 2014, the struggles of diverse categories of workers were taken to the streets to the dismay of bosses and governors. The powerful’s counterattack was supported with the help of the mainstream media, which tried to criminalise the protests and demobilise the strugglers. This happened before, during and after the World Cup – a time in which the news sought to legitimise the violent actions of the repressive apparatus of the state and its leaders. Following this came the political persecutions and arrests of dozens of protestors in an authoritarian manner, violating democratic means and human rights.

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But it is undeniable that these workers’ struggles took on large proportions, and you can identify in them a common practice that has been quite rare in contemporary Brazilian unionism. They were strikes built in the workplace, independently of the union leaderships – sometimes even having to confront them. They won victories, total or partial, that the old union leaders, many of them playing the game of governments and bosses, said were impossible to win. These movements inspired many others, in smaller proportions and not always with the same level of advancement, that were hugely significant in the attempt to reinvigorate the way of waging union struggles in Brazil.

This practice can be identified, principally, in the protagonism and direct action of the rank-and-file, deciding on the course of the strikes in opposition to the bureaucracy and centralisation of personalised union leadership and partisan union currents. The latter, on the other hand, are flawed union practices which in general do not realise the urgencies of the working class, nor do they build spaces with political autonomy and the direct participation of workers.

Thus, experiences of autonomy, struggle and class solidarity emerged around the country, be they in the example of protesting workers in the big infrastructure works of the PAC (mainly in the north and northeast of the country), the street sweepers in Rio de Janeiro, the bus drivers in Porto Alegre, or the subway workers in Sao Paulo. They demonstrated, in practice, that the struggle begins from below and, not infrequently, without the guardianship of – or even against – the union leaderships in a clear demonstration that who should have control of the struggles is the rank-and-file as a whole and not a group of “enlightened” leaders.

Actions that also have in common the renewal of some important values of the various historical struggles of the exploited and oppressed classes around the world:

Direct Action: the methods of struggle to advance demands had a very diverse repertoire after the strikes. Examples of these are pickets, occupations, sabotage and demonstrations that paralysed the circulation and operation of essential services. Direct Action is the use of all necessary means to strengthen struggles spearheaded by workers. It means not handing over to someone else the power to decide on matters of everyday life. Instead, the collective is to exercise this power directly, without intermediaries or representatives.

Rank-and-File Protagonism: there is a disposition in the rank-and-file of workers to advance the union struggle and often of fighting the bureaucratic stance of the unions’ leadership themselves. This is how the example of union struggles in this period was driven by the rank-and-file of the sectors. This is the ingredient of a strong unionism, with workers’ control through direct democracy. Combatting the authoritarian and anti-democratic culture present in the unions, including in many of those led by groupings that put themselves on the left in political composition.

To the extent to which workers organise themselves and advance, the reaction of the state and governors has been to criminalise strikes and protest, repressing legitimate struggles and propagating lies through the bourgeois media; the great ally of the bosses and the powerful. Here we denounce the complicity between this hegemonic capitalist media, the governors and the strong economic groups that control the country.

We are excited to see the revival of this combativeness in union struggles around the country, since being the protagonists of our struggles is fundamental. Unions are important instruments that can empower the workers’ struggle. However, when they are captured by a partisan bureaucracy, or contained by the employer, they cease to be a means of struggle and turn into a way of life for the opportunists; people who claim to be representatives of the workers but who fortify themselves in the union structure. They subordinate the workers’ urgencies to their interests, or to those of their party, distancing themselves from the workers’ reality.

It is in the accumulation of our forces and through our mobilising power that we can confront even the unjust judicial decisions in the service of governors and bosses. It is also through our collective strength that we can achieve the victories we desire. That we do not lose our desires for change! That every fight, every picket, every strike, with their victories and defeats, may strengthen the idea that a new world is possible.

Within this process of radicalisation of struggles, it is necessary to have as an objective the revival of Revolutionary Syndicalism. A conception of union struggle defended by Mikhail Bakunin – besides having been named as a “potential suspect” for stimulating struggles and being involved in them in Rio de Janeiro [1] – the 200th anniversary of whose birth we commemorate in 2014.

200 Years of Bakunin

In 2014, we remember the 200th anniversary of the birth of the Russian revolutionary and anarchist Mikhail Bakunin. Exemplary militant, his life was confounded with the struggles of the workers of his time, principally within the International Workingmen’s Association (IWA). Together with other comrades he was also responsible for the establishment of anarchism as a force socially engaged in the struggle for freedom and equality. In 1868, Bakunin helped found the Alliance of Socialist Democracy, a clandestine organisation and the first specifically anarchist organisation in history, which acted within the IWA.

The IWA being the space that brought together and boosted workers’ struggles in this time, it is important to point out that it was the accumulation of the International’s anti-authoritarian currents that had the greatest influence on the labour movement of our Latin American continent. After the Hague Congress of the First International, statist and federalist conceptions split up amid strong polemics and followed different paths. And it is the libertarian current of socialism (federalist and anarchist) that would boost the continuity of the IWA, and it is in 1872, in Saint-Imier in Switzerland, that Bakunin and the federalists founded the International, later known as anti-authoritarian.

The sections and federations linked to the International that were formed throughout Latin America relied on quite accurate general guidelines and on autonomy for their development, giving continuity to the federalist proposals and Bakunin’s revolutionary syndicalism. He understood syndicalism as a means and not an end in itself, and that the role of anarchists should be to add fuel to the processes of class mobilisation and to organise struggles together with the workers. Propagating the cause wherever they met workers. It was in fact in action, and from the tactics consecrated by experience, that the outlines of a more radical union doctrine were taking shape, becoming the historical expression of the time.

The Genealogy of the General Strike

The idea of the general strike was launched by the International Congress held in Brussels in September 1868. At the time, it was a tool with the objective of struggling against the war at the time. But it was in 1869 that Bakunin, in a pioneering way, analysed all the possible consequences of the General Strike.

“When strikes are expanded, communicating little by little, they become very close to turning into a general strike; and a general strike, with the ideas of liberation that reign today in the proletariat, can only result in a great cataclysm that would provoke a radical change in society. We are not yet at this point, no doubt, but everything leads us to it.”

Bakunin thus makes important contributions to this conception of the strike as a tool for mobilising the workers’ force, and that “they already indicate a certain collective force, a certain understanding among workers”. As a practice of assertive struggle and of formation in struggle, the General Strike should also embody the solidarity between sectors of the oppressed class because, “the needs of the struggle lead workers to support each other, from one country to another, from one profession to another”.

Brazilian Anarchist Coordination – union front

English translation: Jonathan Payn

Translator’s note:

1) Mikhail Bakunin, an anarchist born in Russia 200 years ago this year, was being investigated by Brazilian police for allegedly participating in anti-World Cup protests in Rio de Janeiro, in 2014, after a teacher who was suffering state repression at the time mentioned him in a phone call.

Related Link: https://anarquismo.noblogs.org/?p=110

[CAB] SINDICALISMO E AÇÃO DIRETA

Trabalhadores (as) decidindo os rumos da luta

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No primeiro semestre de 2014, a luta de diversas categoriais de trabalhadores (as) ganharam as ruas para o desespero de patrões e governos. O contra-ataque dos poderosos teve a ajuda da grande mídia, que tentou criminalizar os protestos e desmobilizar os lutadores. Isso ocorreu antes, durante e depois da Copa do Mundo, momento em que os noticiários buscavam legitimar as ações violentas dos aparelhos repressivos do Estado e seus governantes. Na sequência, vieram também as perseguições políticas e prisões de dezenas de manifestantes de forma autoritária, violando os meios democráticos e direitos humanos.

Mas é inegável que as lutas destes/as trabalhadores/as tomaram grandes proporções, e pode-se identificar nelas uma prática comum, que tem sido bastante rara atualmente no sindicalismo brasileiro. Foram greves construídas nos locais de trabalho, independente das direções sindicais – por vezes tendo até mesmo que enfrentá-las. Conquistaram vitórias, totais ou parciais, que os antigos diretores sindicais, muitos deles fazendo o jogo dos governos e patrões, diziam não ser possível conquistar. Esses movimentos inspiraram diversos outros, em menores proporções e nem sempre com o mesmo grau de avanço, mas com uma importância enorme na tentativa de renovar a maneira de fazer a luta sindical no Brasil.

Essa prática pode ser identificada principalmente no protagonismo, na ação direta das bases decidindo sobre os rumos das greves frente à burocracia e à centralização das direções sindicais personalizadas e por correntes sindicais partidarizadas. Estas últimas, por outro lado, são práticas sindicais viciadas, que em geral não dão conta das urgências da classe trabalhadora, nem constroem espaços com autonomia política e participação direta dos/as trabalhadores/as.

Assim, experiências de autonomia, luta e solidariedade de classe emergem pelo país, seja no exemplo dos operários em protesto nas grandes obras de infra-estrutura do PAC (principalmente no norte e nordeste do país), os garis no Rio de Janeiro, os rodoviários em Porto Alegre, ou os metroviários de São Paulo. Demonstraram, na prática, que a luta começa desde baixo, e não raras vezes sem a tutela ou mesmo contra as direções sindicais. Em uma clara demonstração de que quem deve ter o controle das lutas é o conjunto da base e não um grupo de dirigentes “iluminados”.

Ações que também têm em comum a retomada de alguns importantes valores das várias lutas históricas das classes exploradas e oprimidas em todo mundo:

Ação Direta: os métodos de lutas para fazer avançar as reivindicações tiveram um repertório bastante diversificado desde as greves. São exemplos disso os piquetes, ocupações, sabotagens e mobilizações que paralisaram a circulação e o funcionamento de serviços essenciais. A Ação Direta é o uso de todos os meios necessários para potencializar as lutas protagonizadas pelos/as trabalhadores/as. Significa não entregar na mão de outros o poder de decisão sobre os assuntos do cotidiano. Ao contrario, é o coletivo a exercer esse poder de forma direta, sem intermediários ou representantes.

Protagonismo de Base: há uma disposição da base dos trabalhadores em fazer avançar a luta sindical e muitas vezes combatendo a postura burocrata da própria direção dos sindicatos. Assim foi o exemplo das lutas sindicais nesse período, impulsionadas pela base das categorias. Esse é o ingrediente de um sindicalismo forte, com controle dos/as trabalhadores/as através da democracia direta. Combatendo a cultura autoritária e anti-democrática presente nos sindicatos, inclusive em muitos daqueles dirigidos por agrupações que se colocam à esquerda na composição política.

Na medida em que os/as trabalhadores/as se organizam e avançam, a reação do Estado e governos têm sido a de criminalizar a greve e o protesto, reprimindo as lutas legítimas e propagando a mentira através da mídia burguesa, a grande aliada dos patrões e poderosos. Denunciamos aqui a cumplicidade entre essa hegemônica mídia capitalista, os governos e os fortes grupos econômicos que controlam o país.

É com entusiasmo que vemos as retomadas desta combatividade nas lutas sindicais pelo país, pois tomar o protagonismo de nossas lutas é fundamental. Os sindicatos são instrumentos importantes que podem potencializar a luta sindical. Contudo, quando estão tomados pela burocracia partidária, ou engessados pela patronal, deixam de ser um meio de luta e viram um meio de vida para os oportunistas. Pessoas que se dizem representantes dos/as trabalhadores/as, mas que se encastelam na estrutura sindical. Subordinam as urgências dos trabalhadores aos seus interesses, ou aos de seu partido, distanciando-se da realidade dos trabalhadores.

É no acúmulo das nossas forças e pelo nosso poder de mobilização que podemos enfrentar, inclusive, as injustas decisões judiciais a serviço de governos e patrões. É também pela nossa força coletiva que podemos alcançar as vitórias que almejamos. Que não percamos nossos desejos por mudanças! Que cada luta, cada piquete, cada greve, com suas derrotas e vitórias, possa fortalecer a ideia de que um novo mundo é possível.

Dentro desse processo de radicalização das lutas, é necessário ter como retomada de objetivo o Sindicalismo Revolucionário. Concepção de luta sindical defendida por Mikhail Bakunin, que o ano de 2014 comemoramos os 200 anos de seu nascimento, além de ter sido apontado como um “suspeito em potencial” de estimular as lutas e ter envolvimento com elas, na capital carioca.

Os 200 Anos de Bakunin

Em 2014, relembramos os 200 anos do nascimento do revolucionário e anarquista russo Mikhail Bakunin. Militante exemplar, sua vida se confundiu com a luta dos trabalhadores de sua época, principalmente dentro da Associação Internacional dos Trabalhadores (AIT). Junto com outros companheiros, também foi responsável pela constituição do anarquismo como força socialmente engajada na luta pela liberdade e igualdade. Em 1868, Bakunin ajudou a fundar a Aliança da Democracia Socialista, organização clandestina e a primeira especificamente anarquista da história, que atuou dentro da AIT.

Sendo a AIT o espaço que aglutinou e impulsionou as lutas dos trabalhadores nesse período, é importante pontuar que foram os acúmulos das correntes anti-autoritárias da Internacional que tiveram maior influência no movimento operário de nosso continente latino americano. Após o Congresso de Haya, da Primeira Internacional, as concepções estatista e federalista se separam em meio a fortes polêmicas e seguem caminhos distintos. E é a corrente libertária do socialismo (federalista e anarquista) que vai impulsionar a continuidade da AIT, e é em 1872, em Saint-Imier na Suíça, que Bakunin e os federalistas fundavam a Internacional conhecida mais tarde como anti-autoritária.

As seções e federações vinculadas à Internacional que foram se formando em toda a América Latina contavam com orientações gerais bastante precisas e com autonomia para o seu desenvolvimento, dando continuidade às propostas federalistas e de sindicalismo revolucionário de Bakunin. Ele entendia o sindicalismo como um meio e não um fim em si. E o papel dos anarquistas deveria ser colocar combustível nos processos de mobilização da classe e organizar as lutas junto com os/as trabalhadores/as. Fazendo a propaganda da causa onde quer que se encontrassem os operários. Foi de fato na ação, e a partir das táticas consagradas pela experiência, que os contornos de uma doutrina sindical mais radical foi tomando forma, tornando-se a expressão histórica deste período.

A genealogia da Greve Geral

A idéia de greve geral foi lançada pelo Congresso da Internacional realizado em Bruxelas, em setembro de 1868. Na ocasião, era uma ferramenta com o objetivo de lutar contra a guerra naquele período. Mas foi em 1869 que Bakunin, de forma pioneira, analisou todas as possíveis consequências e potencialidades da Greve Geral:

“Quando as greves ampliam-se, comunicam-se pouco a pouco, é que elas estão bem perto de se tornar uma greve geral; e uma greve geral, com as ideias de liberação que reinam hoje no proletariado, só pode resultar em um grande cataclismo que provocaria uma mudança radical na sociedade. Ainda não estamos nesse ponto, sem dúvida, mas tudo nos leva a isso.”

Bakunin traz assim importantes contribuições a esta concepção da greve como ferramenta de mobilização de força dos/as trabalhadores/as, e que “já indicam uma certa força coletiva, um certo entendimento entre os operários”. Como prática da luta reivindicativa e de formação na prática, a Greve Geral deve também encarnar a solidariedade entre os setores da classe oprimida, pois “as necessidades da luta levam os trabalhadores a apoiarem-se, de um país a outro, de uma profissão a outra”.

Coordenação Anarquista Brasileira – frente sindical